terça-feira, 9 de dezembro de 2008

PRINCÍPIOS DE REAVIVAMENTO Neemias 9.1-10.39


INTRODUÇÃO:
1. O texto que lemos foi escrito por Neemias, que era copeiro de Artaxerxes I, rei da Pérsia no período de 465 a 424 A. C. Os historiadores acham que a falta de menção do nome de sua esposa, pode nos levar ao fato de que Neemias provavelmente era eunuco.

2. Ao receber notícias sobre o estado de desolação de Jerusalém, que fora totalmente destruída, por ocasião do cativeiro de Judá pela Assíria, Neemias obteve permissão para ira para sua própria pátria, sendo nomeado governador e com a função de restaurar os muros da cidade que estavam em ruínas.

3. Neste capítulo que lemos os muros já se encontravam devidamente restaurados e Neemias foi movido por Deus para coordenar uma grande reforma religiosa, que modificaria o padrão de relacionamento de seu povo com Deus. VEMOS NO TEXTO LIDO E NOS VERSÍCULOS SEGUINTES ALGUMAS CONDIÇÕES PARA QUE UMA REFORMA RELIGIOSA POSSA SER BEM SUCEDIDA:

I - PARA SER BEM SUCEDIDA UMA REFORMA RELIGIOSA, É NECESSÁRIO O POVO VOLTAR À CONTRIÇÃO.
Vs. 9.1-2, "1 E, no dia vinte e quatro deste mês, ajuntaram-se os filhos de Israel com jejum e com sacos, e traziam terra sobre si. 2 E a descendência de Israel se apartou de todos os estrangeiros, e puseram-se em pé, e fizeram confissão pelos seus pecados e pelas iniqüidades de seus pais".

1. Contrição: Definição Dicionário Aurélio Eletrônico: "Espécie de arrependimento pelas próprias culpas ou pecados, motivado pela caridade sobrenatural ou amor de Deus". Contrição nada mais é do que quebrantamento do
homem na presença de Deus.

2. Um dos maiores impedimentos da operação de Deus no coração humano é o orgulho, que se manifesta até mesmo na vida espiritual do servo de Deus. Deus não pode operar em nós quando nos mantemos orgulhosos, soberbos, Sl 138.6, "Ainda que o Senhor é excelso, atenta todavia para o humilde; mas ao soberbo conhece-o de longe".

3. Uma das condições para a operação de Deus em nós é o quebrantamento, a humilhação em sua presença. Significa nos desvencilharmos de nosso orgulho, nos despindo de nosso eu e nos vestirmos de sacos, colocando nosso rosto no pó (real humilhação). Esta e a condição que quebranta o coração de Deus em favor de seus filhos. Veja alguns exemplos bíblicos:
a. Acabe, I Rs 21.27-29

b. O Povo de Nínive, Jn 3.5-10

c. Davi, Sl 51.17

4. Vamos nos quebrantar diante do Senhor, permitindo que seu Espírito nos corte por dentro, varrendo todo lixo do orgulho e da presunção.

II - PARA SER BEM SUCEDIDA UMA REFORMA RELIGIOSA, É NECESSÁRIO LEVAR O POVO A REFLETIR SOBRE A BONDADE DIVINA.
Vs. 9.6-15

1. Esquecemos com muita facilidade o bem que recebemos de Deus. Não devemos viver apenas de "sombras do passado", porém é certo que nosso passado com Deus vai influenciar de forma positiva nosso futuro. Se olharmos com atenção tanto para o VT, como para o NT, veremos que há mandamentos específicos para voltamos nossos olhos para as operações de Deus no passado de seu povo. Alguns exemplos:
a. No VT, as festas judaicas. Eram comemoradas para lembrar feitos de Deus na história passada de seu povo:
a.1. Páscoa: relembrava a libertação do povo de Deus da escravidão egípcia, Êx 23.15.

a.2. Tabernáculos: relembrava o período em que o povo havia habitado em tendas no deserto, Lv 23.41-43.

b. No NT a Ceia: Relembra o sacrifício de Cristo na cruz, 1 Co 11.23sess.

2. Devemos atentar para a bondade de Deus em nosso favor, não somente relembrando bênçãos passadas, mas também recebendo bênçãos presentes. Deus tem algo novo a cada manhã para entregar a seus filhos:
a. O maná, que não poderia ser colhido para o dia seguinte é um exemplo de que Deus quer abençoar seus filhos com bênçãos novas a cada dia, Êx 16.14sess.
b. Lm 3.22-23, "22 As misericórdias do Senhor são a causa de não sermos consumidos, porque as suas misericórdias não têm fim; 23 Novas são cada manhã; grande é a tua fidelidade".

3. Paulo escrevendo aos Romanos disse: "Considera, pois, a bondade e a severidade de Deus: para com os que caíram, severidade; mas para contigo, benignidade, se permaneceres na sua benignidade; de outra maneira também tu serás cortado", Rm 11.23.

4. Deus é bondoso e quer o bem de seus filhos.

III - PARA SER BEM SUCEDIDA UMA REFORMA RELIGIOSA, É NECESSÁRIO LEVAR O POVO A RECONHECER A SUA PRÓPRIA PERVERSIDADE.
Vs. 9.33, "Porém tu és justo em tudo quanto tem vindo sobre nós; porque tu tens agido fielmente, e nós temos agido impiamente".
1. A confissão de Neemias "temos agido impiamente", retrata muito bem a condição do povo de Deus naquela época. Antes de vir o cativeiro a nação havia se desviado terrivelmente da Palavra do Senhor. Tinham feito aliança com nações ímpias e absorvido seus ídolos; não havia justiça social, uma vez que o pobre e necessitado era marginalizado; os profetas de Deus eram desprezados e alguns até mortos por proclamarem a verdade e tantos outros pecados.

2. Com o cativeiro, Deus estava disciplinando seu povo. E que forma dura de disciplina? onde mães viram seus filhos serem vazados à espada pelos inimigos, suas casas destruídas, o próprio Templo do Senhor feito em ruínas, os mais jovens sendo levados cativos para servir como escravos, etc.. Em Hb 12.6, "Porque o Senhor corrige o que ama, E açoita a qualquer que recebe por filho".

3. Quando Neemias voltou do cativeiro por permissão do rei, e tendo sido já restaurados os muros da cidade, e já iniciada a reforma religiosa, ele reconhece a transgressão de seu povo, confessando os pecados que haviam cometido.

4. Enquanto o povo de Deus não reconhece seu estado pecaminoso, confessando seus pecados ao Senhor, dificilmente haverá uma restauração, e avivamento. A maneira de atrairmos as bênçãos de Deus está na confissão e arrependimento verdadeiro de nossos pecados:
a. 2 Cr 7.14, "E se o meu povo, que se chama pelo meu nome, se humilhar, e orar, e buscar a minha face e se converter dos seus maus caminhos, então eu ouvirei dos céus, e perdoarei os seus pecados, e sararei a sua terra".

b. Sl 32.3-6

5. Somente pela confissão e arrependimento verdadeiro Deus vem agir na restauração de seu povo.

IV - PARA SER BEM SUCEDIDA UMA REFORMA RELIGIOSA, É NECESSÁRIO LEVAR O POVO A RENOVAR A OBEDIÊNCIA NA VIDA FAMILIAR, SOCIAL E RELIGIOSA.
Vs. 10.29-30

1. A obediência à Palavra do Senhor é fundamental quando estamos queremos um avivamento em nossas vidas. Esta obediência deve abranger três áreas, de acordo com o texto bíblico:

a. Área familiar, mais focalizada nos casamentos mistos, que foram proibidos por Deus, Dt 7.3-4, "3 Nem te aparentarás com elas; não darás tuas filhas a seus filhos, e não tomarás suas filhas para teus filhos; 4 Pois fariam desviar teus filhos de mim, para que servissem a outros deuses; e a ira do Senhor se acenderia contra vós, e depressa vos consumiria".

b. Área social, onde deve haver respeito e cuidado para com nosso próximo.
Reportagem da revista "Ultimato", sobre a pobreza, a fome e a miséria extrema na Índia, que possui uma área de terra menor do que o Brasil, e que tem hoje cerca de um milhão de habitantes.
c. Área religiosa, onde devemos abolir tradições humanas e colocar em prática a Palavra de Deus, pois muitas tradições acabam por "invalidar a Palavra do Senhor", Mt 15.6, "E assim invalidastes, pela vossa tradição, o mandamento de Deus". Devemos praticar um culto mais dinâmico, onde a presença e a ação do Espírito de Deus domine.

2. Se praticarmos a obediência nestas áreas, certamente teremos uma Igreja mais fortalecida no pode de Deus.

V - PARA SER BEM SUCEDIDA UMA REFORMA RELIGIOSA, É NECESSÁRIO LEVAR O POVO A UMA FIDELIDADE EM CONTRIBUIR PARA A OBRA DE DEUS, E EM ORAR.
Vs. 10.35-39
1. O dízimo (ou primícias), era a contribuição exigida pela lei, para que a obra de Deus pudesse ser levada avante. Neste tempo os filhos de Deus estavam sem contribuir e conseqüentemente se colocaram à disposição do devorador, que produz a extrema miséria naqueles que são negligentes em suas contribuições para a obra de Deus.

2. Não pode existir restauração, avivamento, quando o povo de Deus é negligente em suas contribuições. Muitas são as razões alegadas pelos filhos de Deus para recuarem em suas contribuições:
1. Dizimo é coisa da lei. Porém o Deus que deu a lei é o mesmo do N.T., e Deus não é contradizente, nem tem duas palavras. Se o dízimo era a contribuição exigida por Deus na antiga aliança, hoje ele é o mínimo que podemos dar, pois vivemos uma aliança superior à antiga. Jesus não censurou os fariseus por darem o dízimo, até mesmo os incentivou, Mt 23.23, "23 Ai de vós, escribas e fariseus, hipócritas! pois que dizimais a hortelã, o endro e o cominho, e desprezais o mais importante da lei, o juízo, a misericórdia e a fé; deveis, porém, fazer estas coisas, e não omitir aquelas".

2. A Igreja aplica mal os recursos do dízimo.

Há princípios para aplicação do dízimo, de acordo com a Palavra do Senhor. Se a Igreja não segue estes princípios, isto não deve ser motivo para retenção dos meus dízimos e ofertas. A igreja será responsável diante de Deus por tudo que fizer errado na aplicação dos dízimos. Se deixo de contribuir por causa disso, quem está em erro sou eu, pois serei desobediente à Palavra do Senhor, e atrairei sobre mim o devorador, Mt 3.7-11

3. Do que eu recebo não sobra nada.
a. Se você continuar negligenciando seu dízimo, não apenas nada sobrará do seu ganho, mas, pelo contrário, haverá falta, uma vez que o devorador jaz a sua porta para consumir seus recursos. Olhe o nome dele: "Devorador". Este título no AT, era aplicado ao gafanhoto, que comia tudo o que era verde, causando terror aos agricultores, Jl 1.4, "O que ficou da lagarta, o gafanhoto o comeu, e o que ficou do gafanhoto, a locusta o comeu, e o que ficou da locusta, o pulgão o
comeu".

b. Outro ponto é o seguinte: Deus não quer suas sobras, mas sim sua primícias, Pv 3.9-10, "9 Honra ao Senhor com os teus bens, e com a primeira parte de todos os teus ganhos; 10 E se encherão os teus celeiros, e transbordarão de vinho os teus lagares". Se você tem dado somente sobras para Deus, saiba de algo: Você terá que aprender também a viver de "sobras", pois o que você semeia, certamente colherá, II Co 9.6, "E digo isto: Que o que semeia pouco, pouco também ceifará; e o que semeia em abundância, em abundância ceifará". Poderíamos parafrasear o versículo citado da seguinte maneira: "o que semeia sobras, sobras também ceifará".

2. O que podemos concluir é que não há justificativas que sejam plausíveis, que possam nos levar a reter nossos dízimos e ofertas. Um verdadeiro avivamento começa com o quebrantamento de nosso bolso para a obra de Deus. É com nosso dinheiro que os pastores, missionários, evangelistas, pregadores, etc., serão sustentados em seus ministérios na obra de Deus.

CONCLUSÃO:
1. Você quer um avivamento na tua vida e nesta Igreja?

2. Você está disposto a pagar o preço?
a. Buscar um quebrantamento na presença de Deus?
b. Arrepender-se de seus pecados?
b. Obedecer à Palavra de Deus, sem reservas?
c. Colocar seu dinheiro à disposição do Senhor?

3. Neemias levou o povo a um avivamento real em seu tempo, porque estas condições foram cumpridas pelo povo de Deus.

4. Fora destas condições, o que podemos ver são apenas "lampejos" de avivamento, que podem até mesmo levar o povo às emoções, porém suas vidas não serão jamais mudadas. Quando o povo permanece rebelde, adúltero, injusto, maledicente, o verdadeiro avivamento está longe de vir.

Pr. José Antônio Corrêa

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