domingo, 30 de junho de 2013

Um altar aprovado por Deus

Texto Bíblico: (Gn 22:1-)  

Introdução

 Antes de levantamos um altar ao senhor precisamos entender que antes do altar á quatro quesitos na construção do nosso altar:

1. Temos que mostrar prontidão em oferecer o melhor que temos de Deus... Abrão mostrou pronto para oferecer isaqui. ele não questionou a Deus.

2. Abrão guardou segredo antes de sacrificar isaque ele não falou para ninguém qual seria o elemento principal do sacrifício.

3. Abrão não demorou em executar a vontade de Deus.

4. Abrão perseverou indo ater o fim ele não olhou para trás.
Abrão foi reconhecido como verdadeiro adorador tanto pelo senhor e pelos homens, vejamos: Abrão foi reconhecido como amigo de Deus (is 41: 8) Abrão foi reconhecido como confidente de Deus (Gn 18:17) Abrão foi reconhecido por Deus como profeta (20:7) Abrão foi reconhecido como príncipe (Gn 23:6)

SEGREDOS DE UM ALTAR APROVADO POR DEUS

1. O LUGAR

2. O ALTAR

3. A LENHA

4. O CORDEIRO

5. O CUTELO

6. O FOGO

sábado, 29 de junho de 2013

Apetite pelo alimento do céu

Referência: Mateus 5.6

INTRODUÇÃO

1. O evangelho de Mateus apresenta Jesus como Rei. O sermão do monte é a plataforma do Reino. Ele não descreve a vida do mundo, mas a vida daqueles que fazem parte do Reino.

2. Somente uma pessoa que é humilde de espírito e reconhece os seus próprios pecados e chora por eles e se submete à soberania de Deus, pode ter fome e sede de justiça.

3. Falaremos sobre esse apetite pelo alimento do céu.

I. QUE TIPO DE ALIMENTO DEVEMOS TER APETITE?

A fome espiritual é uma das características do povo de Deus. A ambição suprema do povo de Deus não é material, mas espiritual. Os cristãos aspiram as coisas mais excelentes. Eles buscam em primeiro lugar o Reino de Deus e sua justiça.

Thomas Watson, puritano inglês do século XVII, disse que Jesus está falando aqui da justiça imputada e da justiça implantada. John Stott, maior exegeta do século XX, diz que a justiça bíblica tem três aspectos: legal, moral e social. A justiça legal trata da nossa justificação, um relacionamento certo com Deus. A justiça moral trata da conduta que agrada a Deus, a justiça interior, de coração de mente e de motivações. A justiça social refere-se à busca pela libertação do homem de toda opressão, junto com a promoção dos direitos civis, de justiça nos tribunais, da integridade nos negócios e da honra no lar e nos relacionamentos familiares.

1. Devemos ter apetite pela justiça imputada, ou seja, justiça diante de Deus

Aquele que reconhece que é pecador, e que como pecador é injusto, e portanto, está condenado junto ao trono do Deus todo-poderoso, esse tem fome e sede de justiça. Esse deseja ser justo, ele deseja ter sua iniquidade perdoada. Esse busca a salvação.

Mas como um homem pode ser justo diante de Deus? Ele jamais estará satisfeito até que creia que Jesus foi feito por Deus nossa sabedoria, justificação, santificação e redenção (1 Co 1:30). Ele jamais estará satisfeito até que compreenda que Cristo morreu em seu lugar, em seu favor, levando sobre o seu corpo os seus pecados, encravando na cruz a sua dívida, e comprando na cruz a sua eterna redenção.

Cristo é a nossa justiça. O mais fraco dos crentes que crê em Cristo tem tanto da justiça de Cristo como o mais forte dos santos. Em Cristo somos completos e perfeitos. Cristo é a fonte da vida. Não precisamos das cistenas rotas. Quem nele crê tem uma fonte e rios de água viva. Essa justiça de Cristo é gratuita. O pão da vida é de graça. A água da vida é de graça (Is 55:1; Ap 22:17).

2. Devemos ter apetite pela justiça implantada, ou seja, uma vida nova com Deus

Não é suficiente saber que os nossos pecados estão perdoados, pois temos ainda uma fonte de pecado dentro do nosso coração e águas amargas fluem constantemente dessa fonte. Quem tem fome e sede de justiça deseja ardentemente ser transformado. Jesus disse: “Se a vossa justiça não exceder em muito a dos escribas e fariseus, jamais entrareis no reino dos céus” (Mt 5:20).

Quem tem fome e sede de justiça aspira as coisas do céu, ama a santidade, tem prazer nas coisas de Deus, deleita-se em Deus, ama a lei de Deus. Sua aspiração mais elevada não é ajuntar tesouros na terra, mas no céu. Seu prazer não está nos banquetes do mundo, mas nas manjares do céu. Ele tem sede de santidade. Ele tem uma nova mente, um novo coração, um novo nome, uma nova vida. Seu coração está no céu. Seu tesouro está no céu. Seu lar está no céu. Sua pátria está no céu.

Quem tem fome e sede de justiça deseja ardentemente ter mente pura, coração puro, vida pura. Anela subjugar o orgulho e ter vida certa com Deus e com os homens. Quem tem fome e sede de justiça quer sempre mais. Ele está satisfeito, mas nunca saciado. Ele ama, mas quer amar mais. Ele ora, mas quer orar mais. Ele estuda a Palavra, mas quer estudar mais. Ele obedece, mas quer obedecer mais.

3. Devemos ter apetite pela justiça promovida

Quem tem fome e sede de justiça não se conforma com a injustiça – Ele abomina o mal, ele ataca a corrupção, ele declara guerra contra toda de esquema opressor. Ele luta pela justiça social. Ele exige justiça nos tribunais, ele defende o direito do fraco, a causa dos oprimidos.

Quem tem fome e sede de justiça luta por uma sociedade onde não haja fraude, falso testemunho, perjúrio, roubo e lascívia. Ele deseja que o justo governe. Ele deseja que toda guerra cesse. Ele deseja que leis justas sejam estabelecidas. Sua oração contínua é: “Senhor, venha o teu reino, seja feita a tua vontade assim na terra como no céu.” Ele deseja justiça diante de Deus, justiça para si e entre os homens.

Aqueles que têm fome e sede de justiça lutaram pelas grandes causas sociais: 1) O cristianismo defendeu o direito das mulheres e das crianças; 2) John Weley combateu a escravidão; 3) William Wilberforce lutou pela abolição da Escravatura na Inglaterra; 4) Martin Luther King lutou contra o preconceito racial.

II. QUE TIPO DE APETITE DEVEMOS TER PELO ALIMENTO?

1. Consideremos alguns problemas graves ligados ao apetite

a) Os mortos não têm apetite – Uma pessoa morta não tem fome. Não há restaurantes nos cemitérios. Assim, também, uma pessoa sem vida espiritual nunca vai ter fome das coisas de Deus. As coisas de Deus não atraem uma pessoa morta espiritualmente. Ela tem fome do pecado e não do pão do céu. Ela tem fome das coisas do mundo e não dos banquetes de Deus. Se você não tem fome de Deus é porque possivelmente você ainda está morto espiritualmente. A fome é o primeiro sinal de que uma pessoa está viva. Assim como uma criança ao nascer deseja o leite materno, uma pessoa ao nascer de novo, deseja ardentemente o genuíno leite espiritual. Se você tem fome e sede de justiça é porque você recebeu vida em Cristo. Mas se você está cheio com a sua própria justiça. Se está satisfeito com a sua própria vida então não há sinal de vida espiritual em você.

b) A falta de apetite é uma doença – Muitas pessoas que nasceram de novo estão doentes espiritualmente e perderam o apetite pelas coisas do céu. Pessoas doentes têm mais sono do que apetite. São como Pedro no Getsêmani, dormem em vez de orar. Também, perderam o apetite pela leitura da bíblica. Perderam o apetite pela oração. Perderam o entusiasmo de estar na Casa de Deus. Estão fracas na fé. Aqueles que se consideram cheios jamais serão saciados. “Encheu de bens os famintos e despediu vazios os ricos” (Lc 1:53). Quando as pessoas recusam o alimento é porque não estão com fome. Quando elas fazem pouco caso do evangelho é porque estão cheias de si mesmas. Jesus tinha apetite pelas coisas do Pai. Ele disse: “A minha comida consiste em fazer a vontade daquele que me enviou e realizar a sua obra” (Jo 4:34). Quem tem fome de Deus deleita-se na Palavra de Deus. Ela é mais doce do que o mel e o destilar dos favos (Sl 19:10). Jeremias disse: “Achadas as tuas palavras, logo as comi” (Jr 15:16). Mas apenas ouvir a Palavra sem colocá-la em prática é sinal de doença (Ez 33:32; Tg 1:22-25). Outros preferem recreação ao alimento.

c) A inanição é evidência de alimentação escassa – Quando as pessoas não recebem alimento suficiente para atender suas necessidades elas ficam fracas e não se desenvolvem. Há muitos crentes sofrendo inanição espiritual porque estão ingerindo muito pouco alimento. Estão recebendo apenas uma refeição por semana. Em casa não lêem a Bíblia. Não frequentam os cultos semanais. Não frequentam as reuniões de oração. Por isso estão fracas na fé. Por isso ficam expostas a toda sorte de doenças oportunistas.

d) Muitas doenças são provocadas por alimentação inadequada – A saúde começa pela boca. Ninguém pode ter boa saúde se tem uma péssima alimentação. Não há nada mais nocivo à saúde do que ingerir um alimento estragado ou venenoso. No tempo do profeta Eliseu, os discípulos dos profetas não puderam comer porque havia morte na panela. Hoje muitos crentes estão doentes porque há morte na panela. Há morte nos púlpitos. Há morte nas salas de Escola Dominical. Há morte nos livros! As pessoas estão desejando as bênçãos de Deus e não o Deus das bênçãos. Elas querem prosperidade e cura e não santidade. Elas querem sucesso e não piedade. Elas têm sede dos aplausos dos homens e não fome da glória de Deus. O jovem rico foi a Jesus, mas ele tinha fome de salvação e também de riqueza. Muitos vão a Jesus, mas têm fome de salvação e dos prazeres do mundo; fome de salvação e também de riquezas; fome de Jesus e do pecado. Esses são despedidos vazios! Há pessoas que têm fome de mamom e não de maná. São como Acabe que se deprimem por não terem a propriedade que pertence a Nabote. Há outros que têm fome de vingança. Outros fome e sede de satisfazer seus desejos impuros. Aqueles que têm fome do pecado serão saciados por Satanás e perecerão de fome e sede para sempre.

e) A desnutrição produz raquitismo – Uma pessoa que não recebe alimento saudável e suficiente pode sofrer de raquitismo. Não há desenvolvimento. Um crente que não se alimenta de forma correta das coisas de Deus torna-se raquítico espiritualmente. Assim como uma pessoa deve evitar ingerir aquilo que tira o apetite, devemos também rejeitar tudo aquilo que tira o nosso apetite de Deus.

2. Consideremos as características do apetite

a) O apetite é um desejo real – Não podemos fazer de conta que ele não existe. A fome e a sede são as necessidades mais essenciais da vida. Ninguém sobrevive sem pão e sem água. Assim, também, ninguém pode pertencer ao reino sem ter fome de justiça. O maior anelo de um crente é ser perdoado, é ser vestido com a justiça de Cristo. Seu maior desejo é ser santo, puro e glorificar a Deus. Antes tínhamos fome de pecar; agora temos fome para não pecar. Quem tem apetite enfrenta qualquer dificuldade para saciar a sua fome. Ele se deleita na comida. Há algumas diferenças entre o apetite verdadeiro pelas coisas de Deus e o apetite hipócrita: 1) O hipócrita não deseja Deus, mas apenas as bênçãos de Deus – É como Balaão, ele quer morrer a morte dos justos, mas não viver a vida dos justos (Nm 23:10). 2) O apetite do hipócrita é condicional – Ele quer Jesus e os seus pecados; ele quer Jesus e as riquezas; ele quer Jesus e a cobiça; ele quer Jesus e o mundo. 3) Os desejos do hipócrita são fora de tempo – As cinco virgens loucas, desejam entrar nas bodas tarde demais. Elas queriam as bodas, mas não se prepararam.

b) O apetite é um desejo constante – Comemos pão hoje e temos fome de novo amanhã. Assim também é com respeito às coisas espirituais. Temos fome de Deus e somos saciados. Mas queremos mais. Queremos mais do seu amor, da sua graça, do seu poder. Somos como Moisés. Ele conheceu a Deus na sarça. Ele conheceu os milagres de Deus no Egito. Ele viu o poder de Deus arrancando o povo do Egito, abrindo o mar vermelho, dando água no deserto e fazendo chover pão do céu. Ele viu o dedo de Deus escrever a lei em tábuas de pedra. Mas ele queria mais de Deus. Ele clamou: “Senhor, mostra-me a tua glória!” Esta fome e esta sede continuam e aumentam no simples fato de saciá-la. Quanto mais você se alimenta de Deus, mais você tem fome de Deus. Davi disse: “Minha alma tem sede do Deus vivo” (Sl 42:2). Isaías diz: “Com minha alma suspiro de noite por ti e, com o meu espírito dento de mim, eu te procuro diligentemente…” (Is 26:9).

c) O apetite é um desejo intenso – O que pode ser mais intenso do que a fome e a sede. Essa é a necessidade mais básica e mais urgente da vida. Não basta ter fome, é preciso estar morrendo de fome. Enquanto o filho pródigo estava com fome foi buscar as alfarroba dos porcos, mas quando estava morrendo de fome, busca a casa do Pai. Victor Frankl narra sua dolorosa experiência no campo de concentração nazista. Ele disse que o principal assunto dos prisioneiros era sobre comida. Eles faziam sacrifícios tremendo apenas para ter uma concha de sopa. Houve um tempo em Samaria que se vendia uma cabeça de jumento por um preço de ouro. Na Coréia do Norte já se chegou a comer defuntos. A fome provoca uma dor insuportável. Oh, que Deus nos mande uma fome assim de justiça. Que possamos clamar como Paulo: “Miserável homem que eu sou, quem me livrará do corpo desta morte?” (Rm 7:24). Que o desejo de ter uma vida certa com Deus seja desesperadora em nosso coração. Oh, que possamos ter fome de Deus como Davi: “A minha alma tem sede de Deus, do Deus vivo” (Sl 42:2); “Ó Deus, tu és o meu Deus forte; eu te busco ansiosamente; a minha alma tem sede de ti; meu corpo te almeja, como terra árida, exausta, sem água” (Sl 63:1). “A minha alma anseia pelo Senhor mais do que os guardas pelo romper da manhã” (Sl 130:6). Aquele que tem fome de Cristo é o que diz: “Dá a Jesus senão eu morro”.

d) O apetite é um desejo insubstituível – Se uma pessoa está desesperadamente faminta não adianta você oferecer a ela entretenimento, uma boa música, ou colocar talheres de prata sobre a mesa ou enfeites bonitos. Nada substitui o pão e a água. Assim, também, nada substitui Deus. Nada substitui a salvação em Cristo. As oferendas do mundo não podem satisfazer um coração sedento de Deus. Salomão buscou saciar a sua sede nos prazeres do álcool, nas riquezas, no sexo e na fama e descobriu que tudo era vaidade. Jesus fala da bem-aventurança daquele que tem fome e sede não de dezenas de coisas, mas daquele que é específico no seu apetite: feliz é o que tem fome e sede de justiça. Hoje as pessoas querem Jesus e a riqueza, Jesus e o sucesso, Jesus e as glórias do mundo. Mas, feliz é o que tem fome de justiça!

III. QUE BÊNÇÃOS SÃO DESTINADAS AOS QUE TÊM APETITE PELAS COISAS DO CÉU?

1. Ele é saciado com uma bênção singular

Quando uma pessoa tem apetite de pão, ele come pão, mas volta a ter a mesma fome de pão. Quando ela deseja beber, ela bebe, mas volta a ter a mesma sede. Muitas pessoas têm fome de bens materiais, mas ninguém pode satisfazer sua alma com bens materiais. O mais rico dos homens não conseguiu ser tão rico como gostaria de ter sido. Os homens têm tentado satisfazer seus corações com as possessões do mundo: eles compram casas e mais casas, carros e mais carros, fazendas e mais fazendas, cidades e mais cidades, até terem a sensação de que são os únicos donos da terra, mas ninguém conseguiu satisfazer a sua alma com coisas da terra. Alexandre, o grande conquistou o mundo todo da época e morreu chorando por não ter mais terra para conquistar. Deus colocou a eternidade no coração do homem e coisas não preenchem esse vazio.

Jesus chamou de louco o homem que pensou que poderia alimentar a sua alma com bens materiais. Somente aqueles que saciam suas almas com o pão do céu são verdadeiramente saciados: Jesus disse: “Eu sou o pão da vida; o que vem a mim jamais terá fome; e o que crê em mim jamais terá sede” (Jo 6:35). Só Jesus satisfaz. Só a justiça de Deus satisfaz a alma!

2. Ele é saciado com uma bênção apropriada

Uma pode só pode ser saciada com alimento. Assim, também, aqueles que têm fome e sede de justiça serão fartos de justiça. Eles desejam justiça e terão justiça. Eles desejam Deus e terão Deus. Eles desejam um novo coração e terão um novo coração. Eles desejam ser guardados do pecado e serão guardados do pecado. Eles desejam ser perfeitos e serão aperfeiçoados. Eles desejam viver onde o pecado não entrará e eles serão arrebatadas para morar no céu, onde o pecado jamais entrará.

3. Ele é saciado com uma bênção abundante

O que Cristo promete não é apenas uma refeição imediata ou provisória, mas uma satisfação completa e eterna. Aquele que tem fome e sede de justiça será farto agora, aqui, na terra e também no céu. Jesus disse: “Aquele, porém, que beber da água que eu lhe der nunca mais terá sede, pelo contrário, a água que eu lhe der será nele uma fonte a jorrar para a vida eterna” (Jo 4:14). Ninguém jamais será satisfeito sem que antes esteja faminto e sedento!

A provisão de Deus é abundante. Não apenas nossos pecados são perdoados. Somos justificados. Somos feitos filhos de Deus. Somos feitos herdeiros de Deus. Tornamo-nos co-participantes da natureza de Deus. Cristo passa habitar em nós, como nossa esperança da glória. O Espírito passa habitar em nós e tornamo-nos santuários da sua habitação. Seremos guardados por ele para sempre. Então, Receberemos uma herança incorruptível. Teremos um corpo glorioso. Celebraremos seu nome para sempre nas mansões celestes.

CONCLUSÃO

Se você não tiver fome e sede de Deus agora, você terá fome e sede tarde demais. Agora você pode ser saciado, mas então jamais o será. O homem rico morreu e foi para o inferno e em tormento, clamou por uma gota de água e até isso lhe foi negado (Lc 16:24). Aquele que não tiver fome e sede de justiça agora, vai ter sede de misericórdia na eternidade, mas será tarde demais. Aquele que não tiver fome e sede de justiça agora, sofrerá fome e sede para sempre sem jamais ser saciado.

A calor aumenta a sede. Quando as pessoas estiverem queimando no inferno sob o fogo da ira de Deus, esse calor irá aumentar a sua sede por misericórdia, mas nada haverá para saciar essa sede.

Mas se você tiver fome e sede de justiça agora, você será feliz agora e eternamente. Você será satisfeito agora e eternamente. “Bem-aventurado os que têm fome e sede de justiça, porque serão fartos.”

Por que os mansos são felizes

Referência: Mateus 5.5

INTRODUÇÃO

1. Esta bem-aventurança está na contra-mão dos valores do mundo – O mundo rejeita os valores do Reino de Deus. A humanidade pensa em termos de força, de poderio militar, bélico, econômico, político. Quanto mais agressivo, mais forte. Esse é o pensamento do mundo. Jesus, porém, diz que não são os fortes e os arrogantes que são felizes; nem são eles que vão herdar a terra, mas os mansos. Ser cristão é ser totalmente diferente. Somos uma nova criatura. Temos um novo nome, uma nova vida, uma nova mente, um novo Reino.

2. O pregador frustra as expectativas do seu povo – Os judeus subjugados pelos romanos desde 63 a.C., esperavam um Messias político, guerreiro, que implantasse seu Reino pela força. Havia quatro grupos em Israel: 1) Os fariseus – eram os religiosos conservadores; eles queriam um Messias milagroso; 2) Os saduceus – eram os liberais; eles queriam um Messias materialista; 3) Os essênios – eram os místicos que viviam nas cavernas de Qumran, perto do Mar Morto; eles queriam um Messias monástico; 4) Os zelotes – eram os ativistas que queriam se insurgir contra Roma; eles queriam um Messias militar. Os próprios apóstolos pensaram num Reino político (At 1:6). Mas Jesus veio com outra proposta e o povo disse: Não queremos esse Messias. Fora com ele. Crucifica-o.

I. O QUE NÃO SIGNIFICA SER MANSO

1. Ser manso não é um atributo natural

A mansidão não é apenas uma boa índole, uma pessoa educada socialmente. Não apenas algo externo, convencional, mas uma atitude interna, uma obra da graça no coração, fruto do Espírito. Spurgeon dizia que “ser manso não é virtude, é graça”. Ninguém é naturalmente manso. Só aqueles que reconhecem que nada merecem diante de Deus e choram pelos seus próprios pecados, podem ser mansos diante de Deus e dos homens.

2. Ser manso não é ser mole ou ficar impassivo diante dos problemas

Ser manso não é ser tímido, covarde, medroso, fraco, indolente. As pessoas mansas foram profundamente vigorosas e enérgicas. Elas tiveram coragem para se posicionar com firmeza contra o erro. Elas enfrentaram açoites, prisões e a própria morte por seus posicionamentos. Os mártires foram pessoas mansas.

Jesus era manso e humilde de coração, mas ele usou o chicote para expulsar os vendilhões do templo e teve coragem para morrer numa cruz, em nosso lugar.

3. Ser manso não significa manter a paz a qualquer preço

Ser manso não é ser conivente, ficar em cima do muro, tentar agradar a gregos e troianos, ser neutro, viver sem cor, sem sal, sem sabor, sem opinião própria. Ser manso não é ser passivo, indeciso.

4. Ser manso não é apenas controle emocional externo

Há pessoas que conseguem manter a calma, o domínio próprio diante de situações adversas, mas não conseguem abrandar as chamas da alma. São como um vulcão que estão sempre em ebulição por dentro. Elas não explodem, mas vivem cheias de fogo por dentro. Elas são apenas aparentemente calmas. Elas mantém as aparências diante dos homens, mas não são calmas aos olhos de Deus. Elas não falam mal, mas desejam mal. Elas não fazem o mal, mas alegram-se intimamente com o fracasso dos seus inimigos.

II. O QUE SIGNIFICA SER MANSO

1. Uma pessoa mansa é submissa à vontade de Deus

Uma pessoa mansa não se rebela contra Deus, nem murmura. Ela aceita a vontade Deus de bom grado. Ela diz como Jó: “temos recebido o bem de Deus, porventura, não receberíamos também o mal?”.

Uma pessoa mansa é como Paulo, sabe viver contente em toda e qualquer situação. Ela dá sempre dando graças a Deus, sabendo que todas as coisas cooperam para o seu bem.

2. Uma pessoa mansa está debaixo do controle de Deus

O manso é aquele que foi domesticado. A palavra manso era empregada para descrever um animal domesticado. Um potro selvagem causa uma destruição. Um potro domado é útil. Uma brisa suave refresca e alivia. Um furacão mata. O manso morreu para si mesmo. Ele foi domesticado pelo Espírito. A mansidão é fruto do Espírito. Ele está sob autoridade e sob o controle. Ele obedece as rédeas.

O manso é aquele que tem a força sob controle. Ele tem domínio próprio. Mais forte é o que domina o seu espírito do que aquele que conquista uma cidade.

O manso é aquele que não reinvindica os seus próprios direitos. Jesus, sendo Deus, não julgou como usurpação o ser igual a Deus.

O manso é aquele que está disposto a sofrer o dano. Como Paulo escreveu aos coríntios, numa demanda entre irmãos, ele está pronto a sofrer o dano em vez de buscar levar vantagem.

3. Uma pessoa mansa reconhece diante dos homens aquilo que ela reconhece diante de Deus

Não temos nenhuma dificuldade de fazermos uma oração de confissão e dizer: “Ó Deus, tem misericórdia de mim, porque eu sou um mísero pecador!”. Nós admitimos isso. Confessamos isso. Mas se alguém vier nos chamar de pecador, nós logo rechaçamos. Não admitimos ser diante dos homens aquilo que admitimos ser diante de Deus. Não aceitamos que os homens nos tratem da mesma maneira que admitimos ser para Deus.

O manso é aquele que não luta para defender sua própria honra. Aquele que já está no chão não tem medo da queda.

Ilustração: uma mulher mandou uma carta ao irmão André fazendo-lhe pesadas acusações. Ele chorou e pediu a Deus graça. Então, sentou e escreveu uma carta: Minha irmã, eu concordo com você. Eu sou muito pior do que você descreveu. Se você me conhecesse como Deus me conhece, certamente você teria sido muito mais forte nas suas acusações.

4. Uma pessoa mansa suporta injúrias

Uma pessoa mansa não é facilmente provocada. Um espírito manso não se inflama facilmente. Davi dá o seu testemunho: “Armam ciladas contra mim os que tramam tirar-me a vida; os que me procuram fazer o mal dizem cousas perniciosas e imaginam engano todo o dia. Mas eu, como surdo, não ouço e, qual mudo, não abro a boca” (Sl 38:12,13).

Há algumas coisas que se opõem à mansidão:

a) Precipitação – Uma pessoa precipitada, que fala antes de pensar, que age antes de refletir, que se destempera facilmente e perde o controle emocional não é uma pessoa mansa. Basílio comparava a ira à embriaguez e Jerônimo dizia que há mais pessoas embriagadas de paixão iracunda do que de vinho. A ira descontrolada suspende o uso da razão. Muitas pessoas são frias na expressão da sua fé, mas vivem em estado de ebulição quando se trata da ira.

b) Maldade – Uma pessoa mansa não faz o mal, não fala mal nem deseja o mal. A Bíblia diz que aquele que odeia o seu irmão é assassino (1 Jo 3:15) e quem o chamar de tolo está sujeito ao fogo do inferno (Mt 5:22).

c) Vingança – A Bíblia proíbe a vingança: “Não vos vingueis a vós mesmos, amados, mas dai lugar à ira; porque está escrito: A mim me pertence a vingança; eu é que retribuirei, diz o Senhor”. A vingança é uma usurpação de uma ação exclusiva de Deus.

d) Falar mal – A Bíblia nos ordena a não falar mal uns dos outros. O pecado que mais Deus odeia é da língua que semeia contenda entre os irmãos. Tiago 3 diz a língua tem o poder de dirigir (freio e leme), o poder de destruir (fogo e veneno). Muitas pessoas não tiram a vida do próximo, mas destroem sua reputação com a língua. A língua torna-se um mundo de iniquidade, indomável e incoerente.

5. Uma pessoa mansa perdoa as injúrias

Jesus disse: “E, quando estiverdes orando, se tendes alguma cousa contra alguém, perdoai, para que vosso Pai celestial vos perdoe as vossas ofensas” (Mc 11:25). Não adianta orar sem perdoar. Nós lembramos mais as injúrias do que as benevolências.

Ilustração: Certa mulher foi visitada pelo seu pastor no leito da morte: “Você está pronta a perdoar o seu inimigo? Ela respondeu: Eu não vou perdoá-lo, ainda sabendo que por isso, estou indo para o inferno.”

Jesus é o nosso modelo de homem manso. “Pois ele, quando ultrajado, não revidava com ultraje; quando maltratado, não fazia ameaças, mas entrega-se àquele que julga retamente” (1 Pe 2:23).

Como deve ser o perdão?

a) Real – Deus não mostra o seu perdão para nós e guarda o nosso pecado para si. Ele apaga os nossos pecados como a névoa e os lança no mar e deles nunca mais se lembra. Deus perdoa e esquece. Deus perdoa e não cobra mais. Deus perdoa e nunca mais lança o nosso pecado em nosso rosto. É assim que devemos perdoar, como Deus perdoa, de todo o coração.

b) Pleno – Deus perdoa todos os nossos pecados. “Ele perdoa todas as nossas iniquidades” (Sl 103:3). Se você é manso, você perdoa todas as injúrias. Uma pessoa que não é mansa, perdoa algumas ofensas, mas retém outras. Isso é apenas um meio perdão, isso não é completo perdão. Se Deus fizesse isso com você, como você estaria agora?

c) Constante – A Bíblia diz que Deus é rico em perdoar (Is 55:7). Até quantas vezes devemos perdoar? Até sete vezes? Não, até setenta vezes sete. Não há cristianismo sem perdão. Se você não perdoa você não pode adorar, ofertar, orar, ser perdoado. Se você não perdoa você não tem paz, fica doente, dominado, atormentado. Se você não perdoa o seu irmão, não é apenas a ele que você está ferindo, mas está ferindo também a Deus. Quem vive sem mansidão, morre sem misericórdia.

6. Uma pessoa mansa recompensa o mal com o bem

Amar os inimigos, fazer o bem a eles e orar por eles é a marca de uma pessoa mansa (Mt 5:44). A Bíblia diz que se o nosso inimigo tiver fome, demos dar ele de comer (Rm 12:20). O apóstolo Pedro diz: “não pagando mal por mal ou injúria por injúria; antes, pelo contrário, bendizendo, pois para isto mesmo fostes chamados, a fim de receberdes bênção por herança” (1 Pe 3:9).

Pagar o mal com o mal é agir como um selvagem. Pagar o bem com o mal é agir como um demônio. Mas pagar o mal com o bem é agir como um cristão, como uma pessoa mansa.

Davi dá o seu testemunho: “Pagam-me o mal pelo bem, o que é desolação para a minha alma. Quanto a mim, porém, estando eles enfermos, as minhas vestes eram pano de saco; eu afligia a minha alma com jejum e em oração me reclinava sobre o peito” (Sl 35:12-13).

III. RAZÕES PARA SERMOS MANSOS

1. Nós devemos ser mansos porque Jesus, o nosso supremo modelo foi manso

Jesus é o homem perfeito. E ele foi manso e humilde de coração. Quando ele era ultrajado, não revidava com ultraje. As palavras de seus inimigos foram mais amargas do que o fel que lhe deram na cruz, mas as palavras de Cristo foram mais doces do que o mel, foram palavras de perdão e salvação.

Ele orou e chorou pelos seus inimigos. Ele perdoou os seus inimigos e nos convida: “Aprendei de mim, porque sou manso” (Mt 11:29).

Cristo não nos exorta a aprender com ele a fazer milagres, a abrir os olhos aos cegos, a levantar os mortos, mas ele nos exorta a aprendermos com ele a sermos mansos. Se nós não imitarmos sua vida, não seremos salvos pela sua morte.

2. Nós devemos ser mansos porque os servos de Deus do passado também foram mansos

a) Abraão – Abraão abriu mão dos seus direitos e deu a Ló a oportunidade de escolher primeiro. Uma pessoa mansa abre mão, não briga pelos seus próprios direitos.

b) Moisés – Números 12:3 diz que Moisés foi o homem mais manso da terra. Quantas injúrias ele sofreu! Quando o povo de Israel murmurava contra ele, em vez de se irar contra o povo, ele caia de joelhos em oração pelo povo (Ex 15:24,25). As águas de mara não foram tão amargas como o espírito do povo, mas Moisés reage não com amargura, mas com oração.

c) Davi – Saul perseguia loucamente a Davi, e este, algumas vezes, teve a vida de Saul em suas mãos, mas ele não se vingou (1 Sm 26:7,12,23). Simei amaldiçoou Davi e este não permitiu que sua vida fosse tirada (2 Sm 16:11). Um homem manso não defende sua própria causa, sua própria reputação.

3. A mansidão é o caminho para derreter e conquistar o coração dos próprios inimigos

A palavra dura suscita a ira, mas a resposta branda (mansa), desvia o furor (Pv 15:1).

A brandura de Davi com Saul, derreteu seu coração mais do que a bravura de Davi (1 Sm 24:16,17).

A mansidão é como ajuntar brasas vivas na cabeça do seu inimigo. A ira faz um amigo tornar-se inimigo, mas a mansidão, faz um inimigo tornar-se amigo.

IV. QUAL É O RESULTADO DA MANSIDÃO

1. Uma profunda e gloriosa felicidade

Jesus diz que os mansos são felizes, bem-aventurados. A palavra Macarios era usada pelos gregos para descrever a felicidade dos deuses. É uma felicidade plena, completa, independente das circunstâncias, baseada num relacionamento íntimo e permanente com o Deus vivo.

2. A herança da terra no tempo

Mesmo sendo estrangeiro na terra (Hb 11:37), os mansos são aqueles que herdam a terra. Eles comem o melhor dessa terra. O ímpio tem a posse temporal da terra, mas o manso usufrue as benesses da terra.

Nesse sentido, os mansos já são herdeiros da terra, na vida presente. Ele é uma pessoa satisfeita. Sente-se contente. Ele nada tem, mas possui tudo. Paulo diz: “entristecidos, mas sempre alegres; pobres, mas enriquecendo a muitos; nada tendo, mas possuindo tudo” (2 Co 6:10). Paulo diz: “Eu aprendi a viver contente em toda e qualquer situação. Eu tudo posso naquele que me fortalece” (Fp 4:11-13).

O manso é cidadão do céu. O manso é filho de Deus. O manso é herdeiro de Deus e co-herdeiro com Cristo. Do Senhor é a terra e a sua plenitude. Tudo que pertence ao Pai, pertence ao filho (1 Co 3:21-23). Os mansos são os verdadeiros herdeiros de tudo o que é do Pai. Receberemos a herança original de domínio sobre a terra que Deus deu a Adão. É a reconquista do paraíso.

Eles conquistam a terra não pelas armas, não pela força, mas por herança. O manso herda as bênçãos da terra. O ímpio pode ter abundância de dinheiro, mas o manso tem abundância de paz (Sl 37:11). O ímpio não tem o que parece ter. Ele tem propriedades, terras, mas não pode levar nada, não herda nada. Mas o manso, mesmo desprovido agora, tem a herança, a posse eterna de tudo o que é do Pai.

3. A herança da nova terra e do novo céu na eternidade

O manso desfrutará da terra restaurada, redimida do seu cativeiro. Ele habitará no novo céu e na nova terra (Ap 21:2-3). Ele reinará com Cristo sobre a terra.

O manso não apenas herda a terra, mas também o céu. O manso tem a terra apenas como a sua casa de inverno, mas tem no céu uma mansão permanente, eterna, casa feita não por mãos, eterna no céu.

O choro que deságua em alegria eterna

Referência: Mateus 5.4

INTRODUÇÃO

1. Esta bem-aventurança contém o maior paradoxo do Cristianismo. Poderíamos traduzir: “Felizes os infelizes”. Que espécie de tristeza é esta que pode produzir a maior felicidade?

2. A palavra usada por Jesus para chorar (panthoutes) significa lamentar, prantear pelo morto. Entristecer-se com uma profunda tristeza que toma conta de todo ser de tal maneira que não pode se ocultar (Trench).

3. A palavra chorar segundo William Barclay é o termo mais forte da língua grega para denotar dor e sofrimento. É a palavra que se usa para descrever a morte de um ser querido. Na LXX é a palavra que descreve o lamento de Jacó quando creu que José, seu filho estava morto (Gn 37:34). Não se trata apenas da dor que faz doer o coração, mas da dor que faz nos chorar.

4. Nem todos os que choram são felizes e nem todos os que choram serão consolados. Então, de que tipo de choro Jesus está falando? Choramos por várias razões: choramos pelo luto, choramos de dor física, choramos pela decepção, pelo desespero, pela desesperança, pela saudade, pela compaixão, pela solidão, pela depressão, por amor. Mas de que tipo de choro Jesus está tratando nessa bem-aventurança?

5. Jesus está tratando de duas coisas: 1) Uma declaração: Felizes são os que choram. 2) Uma promessa: esses serão consolados.

I. O QUE ESSE CHORO NÃO SIGNIFICA?

1. Não é o choro carnal

O choro carnal é aquele que uma pessoa lamenta a perda de coisas exteriores e não a perda da pureza. A tristeza do mundo produz morte (2 Co 7:10). Amnom chorou de tristeza até possuir sua própria irmã, para depois desprezá-la (2 Sm 13:2). Acabe chorou por não ter a vinha de Nabote, a qual cobiçava (1 Rs 21:4). Faraó chorou por ter feito o bem, por ter libertado o povo. Ele arrependeu-se de seu arrependimento (Ex 14:15).

2. Não é o choro do remorço e do desespero

Esse foi o choro de Judas. Ele viu seu pecado, ele se entristeceu. Ele confessou seu pecado, ele justificou Cristo, dizendo que ele era inocente. Ele fez restituição. Mas Judas está no inferno e parece ter feito muito mais que muitos fazem hoje. Ele confessou seu pecado. Ele fez restituição. Sua consciência o acusou de ter adquirido aquele dinheiro de forma vil. Mas Judas chorou pelo pecado, mas não foram lágrimas de arrependimento, senão de remorço.

3. Não é o choro do medo das consequências do pecado

Quando Caim matou seu irmão Abel, Deus o confrontou. Ele, então disse,”é tamanho o meu castigo, que já não posso suportá-lo” (Gn 4:13). Seu castigo afligiu-o mais do que o seu pecado. Chorar apenas pelo medo do castigo, apenas pelo medo do inferno é como o ladrão que chora porque foi apanhado e não pela sua ofensa. As lágrimas do ímpio são forçadas pelo fogo da aflição e não do arrependimento.

4. Não é o choro apenas externo e teatral

Jesus diz que os fariseus “mostram-se contristados e desfiguram a face com o fim de parecer aos homens que jejuam” (Mt 6:16). Os olhos estão molhados, mas o coração está seco. Os olhos estão umedecidos, mas o coração endurecido. Quando Acabe soube do juízo de Deus sobre ele e seu reino rasgou as vestes e vestiu-se com com pano de saco (1 Rs 21:27). Suas vestes estavam rasgadas, mas não seu coração. Ele vestia-se de pano de saco, mas não havia choro pelo pecado.

II. O QUE ESSE CHORO SIGNIFICA

1. Deve ser um choro espontâneo

A mulher pecadora de Lucas 7 revelou um arrependimento espontâneo e voluntário. Ela lavou os pés de Jesus com suas lágrimas. Ela veio com unguento em suas mãos, amor em seu coração e lágrimas em seus olhos.

2. Deve ser um choro espiritual

É o choro pelo pecado e não apenas pelas consequências do pecado. Faraó pediu para tirar as pragas, mas jamais desejou tirar as pragas do seu coração. Quando Deus confrontou Davi ele arrependeu-se do pecado e chorou pelo pecado, mais do que pelas consequências do seu pecado. Ele disse: “O meu pecado está sempre diante de mim”. Ele não disse: a espada está sempre diante de mim, o castigo está sempre diante de mim. A ofensa contra Deus feriu-o mais do que o juízo de Deus sobre o seu pecado.

a) Devemos chorar pelo pecado porque ele é um ato de hostilidade e inimizade contra Deus – O pecado ofende e resiste o Espírito Santo (At 7:51). O pecado é contrário à natureza de Deus. Deus é santo e o pecado é uma coisa imunda. O pecado é contrário à vontade de Deus. A palavra hebraica para pecado significa rebelião. O pecado luta contra Deus (At 5:39).

b) Devemos chorar pelo pecado porque ele é um ato de consumada ingratidão contra Deus – Deus enviou-nos seu Filho para redimir-nos do pecado e seu Espírito para confortar-nos. Nós pecamos contra o sangue de Cristo, a graça do Espírito e não deveríamos chorar? O pecado contra o amor de Deus é pior do que o pecado dos demônios, porque a eles jamais foi oferecido a graça. Mas nós caímos e nos foi oferecida graça e ainda pecamos contra ela? Pecamos contra aquele que morreu por nós? Pecamos contra aquele que habita em nós?

c) Devemos chorar pelo pecado porque ele nos priva das coisas excelentes – O pecado nos priva do maior bem, a comunhão com Deus (Is 59:2). Quando pecamos não apenas a paz vai embora, mas Deus também vai embora. Não há comunhão entre trevas e luz. Quando choramos pelo pecado, ansiamos não apenas a volta das bênçãos, mas a volta de Deus (Ex 33). Devemos não apenas chorar, mas voltar-nos para Deus com choro (Jl 2:12). As lágrimas do arrependimento são como as águas do Jordão, elas nos purificam da nossa lepra. Devemos chorar não apenas para nos abster do pecado, mas para odiar o pecado.

3. Deve ser um choro pelo nosso próprio pecado

Feliz é aquele que chora pelo seu próprio pecado. O pecado nos faz pior da que uma serpente. A serpente não tem nada dentro dela senão o veneno que Deus mesmo pôs nela. O veneno é medicinal. Mas o pecador tem dentro de si o que o diabo pôs dentro dele. Pedro disse para Ananias: “Ananias, por que Satanás encheu o seu coração para você mentir ao Espírito Santo?” (At 5:3). Nós temos em nós todas as sementes daqueles pecados que condenam as pessoas ao inferno. Aquele que não chora pelos seus pecados perdeu completamente sua razão.

Será que Esdras errou quando orava fazendo confissão, “chorando prostrado diante da Casa de Deus?” (Ed 10:1). Será que Paulo errou ao gemer: “Desventurado homem que sou! Quem me livrará do corpo desta morte?” (Rm 7:24). Há pouco choro pelo pecado em nós e entre nós. No dia 18/10/1740 David Brainerd escreveu em seu diário: “Em minhas devoções matinais minha alma desfez-se em lágrimas, e chorou amargamente por causa da minha extrema maldade e vileza.”

O choro pelo pecado deve ser um choro intenso. A palavra que Jesus usou é a mais intensa para o sofrimento. É a mesma palavra da dor do luto por quem amamos. Foi a palavra usada para o choro de Jacó por José. Pedro chorou amargamente depois de negar a Jesus. Esse deve ser o lamento pelo pecado dentro da igreja.

O que se opõe ao choro pelo pecado? Primeiro, é a dureza de coração ou coração de pedra (Ez 36:26). Um coração de pedra não pode se derreter em lágrimas. Esse coração é conhecido pela insensibilidade e pela inflexibilidade. A Bíblia nos exorta a não endurecermos o nosso coração (Hb 3:7,8). Hoje nós choramos pelos tempos difíceis, mas não pelos corações duros.

Muitos em vez de chorar pelo pecado, alegram-se nele – A Bíblia fala daqueles que se alegram de fazer o mal (Pv 2:14), daqueles que se deleitam na injustiça (2 Ts 2:12). Esses são piores do que os condenados que estão no inferno. Os ímpios que estão no inferno, não se deleitam mais no pecado. Ora se Cristo verteu o seu sangue pelo pecado, alegrar-nos-emos nele? O choro pelo pecado é o único caminho para nos livrarmos da ira vindoura.

4. Deve ser um choro pelo pecado dos outros

Davi chorou pelos pecados daqueles que desobedecem a Deus: “Torrentes de água nascem dos meus olhos, porque os homens não guardam a tua lei”. Jeremias chorou a condição terrível de Jerusalém sendo destruída. Jesus chorou sobre a cidade impenitente de Jerusalém. Paulo disse: “Pois muitos andam entre nós…e agora vos digo até chorando, que são inimigos da cruz de Cristo” (Fp 3:18).

Devemos chorar pelas blasfêmias da nação. Pela violação do pacto, pela profanação do nome de Deus, pela remoção dos marcos e dos absolutos. Devemos chorar pela escassez daqueles que choram. Devemos chorar pela frieza da igreja. Devemos chorar pela falta de choro pelo pecado na igreja. Devemos chorar por causa dos escândalos que afastam as pessoas de Deus e do evangelho.

III. QUAIS SÃO OS MOTIVOS PARA ESSE CHORO

1. O choro pelo pecado é o melhor uso das lágrimas

Se você chorar apenas por perdas de coisas materiais, você desperdiçará suas lágrimas. Isso é como chuva sobre a rocha, não tem benefício. Mas o choro do arrependimento é composto de lágrimas bem-aventuradas, de lágrimas que curam, que libertam.

2. O choro pelo pecado é uma evidência da graça de Deus

O choro pelo pecado é um sinal do novo nascimento. Assim como a criança chora ao nascer, aquele que nasce de novo também chora ao pecar. Um coração de pedra jamais se derrete em lágrimas de arrependimento. Só um coração de carne, é sensível à voz de Deus.

Aqueles que nascem do Espírito, que têm um coração quebrantado, têm também tristeza pelo pecado.

3. O choro pelo pecado é precioso

Quando a mulher pecadora lavou os pés de Jesus com suas lágrimas e enxugou-os com os seus cabelos, podemos afirmar que suas lágrimas foram um unguento mais precioso do que o melhor perfume. Quando os nossos corações se quebram amolecidos pela graça, então, o perfume das nossas obras trescalam suavemente. A Bíblia diz que há alegria no céu por um pecador que se arrepende (Lc 15:7). As lágrimas clamam com eloquência pela misericórdia. Jacó orou e chorou e prevaleceu com Deus e com os homens (Os 12:4). As lágrimas derretem o próprio coração de Deus.

4. O choro pelo pecado produz alegria

O choro pelo pecado é o caminho da verdadeira alegria. Davi, o homem de lágrimas, foi também o mais doce cantor de Israel. “Minhas lágrimas foram o meu alimento” (Sl 42:3). As lágrimas do penitente são mais doces do que todas as alegrias mundanas. Quando Ana chorou diante de Deus, ela voltou para a sua casa com um brilho em seu rosto e com a vitória de Deus em sua vida.

5. O choro pelo pecado agora, previne o choro no inferno depois

O inferno é um lugar de choro e ranger de dentes (Mt 8:12). Mas, agora, Deus recolhe as nossas lágrimas no seu odre (Sl 56:8). Agora Jesus diz: “Ai de vós, os que agora rides! Porque haveis de lamentar e chorar” (Lc 6:25). Agora as lágrimas são bem-aventuradas lágrimas. Agora é o tempo certo de chorar pelo pecado. Agora o choro é como chuva da primavera. Mas se não chorarmos agora, iremos chorar tarde demais!

É melhor derramar lágrimas de arrependimento do que lágrimas de desespero. Aquele que chora agora é bem-aventurado. Aquele que chora no inferno é amaldiçoado. Aquele que destampa as feridas da alma e chora pelo pecado livra a alma da morte eterna.

O choro pelo pecado pavimenta a estrada para a Nova Jerusalém. Para entrar no céu não basta ir à igreja, dar esmolas, fazer caridade. O único caminho é você chorar pelos seus pecados e receber a consolação da graça em Cristo. Jesus disse: “Se porém não vos arrependerdes, todos igualmente perecereis”. Só um remédio que a cura a doença mortal da alma, o verdadeiro arrependimento.

6. O choro pelo pecado é temporal e finito

Depois de um tempo de choro, haverá um perpétuo consolo. No céu o odre de Deus contendo as nossa lágrimas será completamente esvaziado. Deus enxugará dos nossos olhos toda lágrima (Ap 7:17;21:4). Quando o pecado cessar, as lágrimas também cessarão. “O choro pode durar a noite inteira, mas a alegria vem pela manhã” (Sl 30:5).

IV. QUAIS SÃO OS OBSTÁCULOS PARA ESSE CHORO

1. O amor ao pecado

O amor ao pecado faz o pecado saboroso e torna o coração endurecido. Jerônimo disse que amar o pecado é pior do que praticar o pecado. Uma pessoa pode ser surpreendido na prática do pecado inadvertidamente (Gl 6:1). Como você pode entristecer-se pelo pecado, se você ama o pecado? Tenha cuidado com a doçura do veneno. O amor ao pecado mantém você longe da graça.

O pecado é maligníssimo. Há a semente da morte e do inferno em todo pecado. O salário do pecado é a morte. Amar o pecado é amar a morte e o inferno.

2. O desespero pelo pecado

O desespero afronta a Deus, subestima o sangue de Cristo, rejeita a graça e destrói a alma. O desespero diz para você: Não tem mais jeito, não tem mais saída, não tem mais esperança. O desespero é fruto do seu coração enganoso e da mentira do diabo. O desespero apresenta Deus para a alma como um juiz carrasco. O desespero de Judas foi pior do que o seu pecado de traição. O desespero fecha a porta da misericórdia e destrói o arrependimento, o único fundamento da misericórdia. A Bíblia diz que é a bondade de Deus que nos conduz ao arrependimento (Rm 2:4).

3. A presunção da misericórdia

Muitos não choram pelo pecado agora, porque estão falsamente confiando na misericórdia de Deus no dia do juízo. É um profundo engano você repousar na misericórdia de Deus enquanto anda nos seus pecados. A Bíblia diz: “Deixe o perverso o seu caminho, o iníquo os seus pensamentos; converta-se ao Senhor, que se compadecerá dele, e volte-se para o nosso Deus, porque é rico em perdoar” (Is 55:7).

Muitos pensam que Deus esqueceu e perguntam: “Onde está o Deus do juízo?” (2 Pe 3:9). Ah! Dia do juízo! Deus vai julgar suas palavras, suas obras, sua omissão e seus pensamentos! Você vai querer fugir da ira de Deus! Você já pensou na possibilidade de Deus dizer para você: Basta! Chega! É só mais um pecado é será o seu fim! É um terrível perigo abusar da paciência de Deus.

Não há misericórdia sem abandono do pecado, e não há abandono do pecado sem choro pelo pecado.

4. A procrastinação no pecado

Jesus disse que aquele que não crê no Filho não verá a vida, mas sobre ele permanece a ira de Deus (Jo 3:36). Você acha cedo demais para deixar o pecado, mesmo estando sob a ira de Deus? Você acha cedo demais para chorar pelo pecado, mesmo estando sob a potestade de Satanás (At 26:18)? Você vai deixar para o fim, para o leito da enfermidade para chorar pelos seus pecados? Você não sabe que é a bondade de Deus que conduz você ao arrependimento? Você, porventura, já não ouviu Deus dizer: “Se hoje ouvirdes a minha voz, não endureçais o vosso coração”?

V. QUAL É O CONFORTO OFERECIDO AOS QUE CHORAM ESSE CHORO

1. O choro precede o conforto, assim como a limpeza da ferida precede a cura

Deus guarda o seu melhor vinho para o fim. O diabo faz o contrário. Ele mostra o melhor primeiro e guarda o pior para o fim. Primeiro ele mostra o vinho resplandecente no copo, depois o vinho morde como uma serpente (Pv 23:31,32). O diabo mostra o pecado como atrativo, colorido, gostoso, doce ao paladar, e só no fim a tragédia que ele provoca. O diabo mostrou a Judas o valor das 30 moedas de prata, o preço de um campo. Ele mostrou a isca, depois o fisgou com o anzol. Primeiro, ele mostra a coroa de ouro, depois mostra os dentes de leão (Ap 9:7,8).

Mas Deus depois mostra o pior primeiro. Primeiro ele prescreve o choro, mas depois ele promete: sereis consolados!

2. As lágrimas do arrependimento não são lágrimas perdidas, mas sementes do conforto

Aquele que sai andando e chorando enquanto semeia, voltará com júbilo trazendo os seus feixes (Sl 126:5). Cristo tem o óleo da alegria para derramar sobre aqueles que choram. Cristo transforma o odre de lágrimas em vinho novo de alegria. O choro pelo pecado é a semente que produz a flor da eterna alegria.

O vale de lágrimas conduz-nos ao paraíso da alegria. Jesus disse: “A vossa tristeza se converterá em alegria” (Jo 16:20).

O conforto que Deus dá é fundamentado em profunda convicção (Jo 16:7,8). Ele é puro, doce, santo, abundante, glorioso. Pedro fala da alegria indizível e cheia de glória (1 Pe 1:8).

O conforto que Jesus promete é poderoso. A alegria do Senhor é a nossa força (Ne 8:10). Esse conforto floresce até no meio da aflição. Os crentes de Tessalônica receberam a Palavra no meio de muita aflição, com alegria (1 Ts 1:6). Esse conforto faz você gloriar-se nas próprias tribulações (Rm 5:3). Esse é um conforto imortal.

3. Por que, então, alguns crentes ainda sentem a falta desse conforto?

a) Porque eles choram, mas não as lágrimas do arrependimento – Eles vão para as lágrimas, mas não para Cristo. As lágrimas não são o fundamento do nosso conforto, mas o caminho para ele. O choro não é meritório. Ele é o caminho para a alegria, não a causa da alegria. O verdadeiro conforto só pode vir de Cristo.

b) Porque eles se recusam a ser consolados – Há pessoas que se entregam à tristeza, ao lamento, à amargura e se recusam a ser consoladas (Sl 77:2).

c) Porque eles adiam o projeto da felicidade apenas para o futuro – O projeto de Deus não é fazer de você uma pessoa feliz apenas no céu, mas a caminho do céu. Você já é feliz agora. Você é feliz enquanto chora, porque chora. Embora sua alegria aqui ainda não esteja completa, ela já é genuína, verdadeira e real. Macarios fala da alegria de Deus, da alegria suprema, da felicidade absoluta.

4. A natureza do conforto que teremos no céu

A Bíblia diz que na presença de Deus há plenitude de alegria (Sl 16:11). Haverá um dia em que os salvos estarão vivendo no novo céu e na nova terra, onde da praça da cidade, corre o rio da vida, onde está o trono de Deus, onde Deus enxugará dos nossos olhos toda a lágrima.

A Bíblia descreve esse conforto dos salvos no céu como uma festa, a festa das bodas do Cordeiro, onde vamos descansar das nossas fadigas (Ap 14:13).

Como a Bíblia descreve essa festa?

1) O dono desta festa é Deus – Esta festa é a festa das bodas do Filho do Rei. Será uma festa magnificente, gloriosa.

2) Esta festa será incomparável em termos de alegria e provisão – O próprio Jesus levará sua noiva ao banquete. Quantas iguarias especiais teremos no novo céu e na terra. Todos os cardápios servidos nessa festa serão deliciosos. Não haverá falta de coisa alguma deliciosa nessa festa. Quem alimentar-se nessa festa nunca mais terá fome. Quem beber nessa festa nunca mais terá sede.

3) Esta festa será incomparável em termos da companhia dos convidados – Lá estarão os salvos, os anjos, os querubins, serafins. Cristo mesmo lá estará como dono da festa e como nosso anfitrião. Estaremos na incontável assembleia dos santos (Hb 12:22). Seremos uma só família, um só rebanho.

4) Esta festa será incomparável em termos de música – Será a festa do casamento do Noivo como a igreja. Os coros angelicais estarão apostos. As trombetas celestiais estarão afinadas. Um coro cósmico levantará sua voz em exaltação a Deus e ao Cordeiro (Ap 5:12-13). Uma gloriosa música encherá os céus e a terra (Ap 15:2-3).

5) Esta festa será incomparável em termos do lugar onde será celebrada – Esta festa será no paraíso de Deus (Ap 2:7). A cidade santa cujo fundamento são pedras preciosas, cuja praça é de ouro, cujas portas são de pérola, cuja claridade procede do Cordeiro. Esta festa dar-se-á na Nova Jerusalém. A cidade mede 2.400 Km de largura por 2.400 Km de comprimento. É maior do que qualquer cidade do mundo. Ela tem espaço para todos os convidados para as bodas.

6) Esta festa será incomparável pela sua duração – Esta festa não terá fim. Ela nunca acabará. Aqueles que se assentarem nesse banquete nunca se levantarão da mesa. Teremos vestes brancas, coroas, nos assentaremos em tronos, reinaremos com o Rei da glória para sempre e sempre! Oh! bendito conforto para aqueles que agora choram pelos seus pecados.

CONCLUSÃO

As lágrimas do arrependimento têm rolado em sua face? Você se entristece por entristecer o Espírito Santo? Suas lágrimas são de revolta contra Deus ou de náusea pelo pecado?

Espero que você seja um dos que choram, porque a vontade de Deus é que você seja consolado.

A receita de Jesus para a verdadeira felicidade

Referência: Mateus 5.1-3

INTRODUÇÃO

1. Jesus, o maior pregador

Este texto abre o que nós chamamos do maior sermão da história, o sermão do monte. Jesus é o maior pregador de todos os tempos. Ele é a própria Palavra encarnada. Ele é a verdade. Suas palavras são oráculos; suas obras, milagres; sua vida, modelo; sua morte, um sacrifício. Enquanto nós não podemos conhecer todas as faces dos ouvintes, ele conhece o coração de todos os homens.

2. Jesus, o maior pregador prega sobre a verdadeira felicidade

a) O cristianismo é a religião do prazer e da felicidade

O homem é um ser obsecado pelo prazer. O hedonismo, a filosofia que ensina que o prazer é o fim último do ser humano parece reger a humanidade. A grande questão é onde está esse prazer: nas coisas externas? No dinheiro? No sucesso? Na cultura? No sexo? Na diversão? Nas viagens psicodélicas?

Salomão buscou a felicidade na bebida, na riqueza, no sexo e na fama e viu que tudo era vaidade (Eclesiastes 2:1-10).

John Piper disse que o problema não é a busca do prazer, mas o contentamento com um prazer terreno, carnal, raso, passageiro. Deus nos criou para o prazer. A busca da felicidade é legítima. O verdadeiro prazer está em Deus. O fim principal do homem é glorificar a Deus e gozá-lo para sempre.

Agostinho disse: “Senhor, tu nos criaste para ti e a nossa alma não encontrará descanso até se repousar em ti”.

I. A VERDADEIRA FELICIDADE É UM GRANDE PARADOXO AOS OLHOS DO MUNDO

1. A verdadeira felicidade é abraçar o que o mundo repudia e repudiar o que o mundo aplaude

Jesus diz que feliz é o pobre, o que chora, o manso, o puro, o perseguido.

Jesus diz que bem-aventurado é o pobre de espírito e não a pessoa autosuficiente, arrogante, soberba.

Jesus diz que bem-aventurado é o que chora e não aquele que é durão, insensível.

Jesus diz que bem-aventurado é o manso, o que abre mão dos seus direitos e não o valente, o brigão.

Jesus diz que bem-aventurado é o pacificador, aquele que não apenas evita contendas, mas busca apaziguar os ânimos exaltados.

Jesus diz que bem-aventurado é o puro de coração e não aqueles que se banqueteam com todos os prazeres do mundo.

Jesus diz que bem-aventurado é o perseguido por causa da justiça e não aquele que procura levar vantagem em tudo.

Jesus diz que quem ganha a sua vida, a perde; mas o que a perde, esse é o que a ganha.

Jesus diz que o humilde é que será exaltado.

2. A verdadeira felicidade não está nas coisas externas, mas nas coisas internas

Jesus não disse que bem-aventurados são os ricos. Essa felicidade não está centrada em coisas externas. As riquezas não satisfazem. Deus colocou a eternidade no coração do homem. Nem todo o ouro da terra poderia preencher o vazio da nossa alma.

A verdadeira felcidade está centrada não na posse das bênçãos, mas na fruição da intimidade com o abençoador. Para alcançar a felicidade, não basta posse, mas fruição. Um homem pode morar num palácio e não se deleitar nele. Ele pode ter o domínio de um reino e não ter paz na alma. “Feliz é a nação cujo Deus é o Senhor” (Sl 144:15). Deus é o descanso da alma (Sl 116:7).

A verdadeira felicidade é deleitar-se em Deus, é alegrar-se com o sorriso de Deus, é beber dos rios de seus prazeres (Sl 36:8).

A verdadeira felicidade consiste em desfrutar da plenitude de Deus: ele é sol, escudo, herança, fonte, rocha, alegria, esperança.

A verdadeira felicidade consiste em tomar posse da bem-aventurança agora e na eternidade.

3. A verdadeira felicidade não é uma promessa para o futuro, mas uma realidade para o presente

Jesus não disse: Bem-aventurados serão os pobres de espírito, mas bem-aventurados são. Os crentes não serão felizes quando chegarem ao céu, eles são felizes agora. Os crentes são felizes antes mesmo de serem coroados. Eles são felizes não apenas na glória, mas a caminho da glória.

II. A VERDADEIRA FELICIDADE ESTÁ FUNDAMENTADA NO SER E NÃO NO TER

1. O que ser pobre de espírito não significa

a) Não significa pobreza financeira – Francisco de Assis foi o patrono daqueles que pensaram que renunciar as riquezas financeiras para viver na pobreza ou num monastério dava crédito ao homem diante de Deus. Mas a pobreza em si não é um bem, como a riqueza em si não é um mal. Uma pessoa pode ser pobre financeiramente e não ser pobre de espírito. A pobreza financeira pode ser fruto da obra do diabo, da exploração, da ganância e da preguiça.

b) Não significa ter uma vida espiritual pobre – Jesus não está elogiando aqueles que são espiritualmente pobres, descuidados com a vida espiritual. Ser pobre em santidade, verdade, fé e amor é uma grande tragédia. Jesus condenou a igreja de Laodicéia: “Sei que tu és pobre, miserável, cego e nu” (Ap 3:17).

c) Não significa pobreza de auto-estima – Jesus não está falando que as pessoas que pensam menos de si mesmas são felizes. Auto-estima baixa não é um bem, mas um mal.

d) Não significa timidez ou fraqueza – Essas características não são virtudes, senão males que devem ser combatidos.

2. O que significa ser pobre de espírito

a) Ser pobre de espírito é a base para as outras virtudes – A primeira bem-aventurança é o primeiro degrau da escada. Se Jesus começasse com a pureza de coração, não haveria esperança para nós. Primeiro precisamos estar vazios, para depois sermos cheios. Não podemos ser cheios de Deus, enquanto não formos esvaziados de nós mesmos. Esta virtude é a raiz, as outras são os frutos. Uma pessoa não pode chorar pelos seus pecados até saber que não tem méritos diante de Deus. Ele jamais sentirá fome e sede de justiça a não ser que saiba que carece totalmente da graça.

b) Ser pobre de espírito é reconhecer nossa total dependência de Deus – No grego há duas palavras para designar “pobreza”. Penês = é o homem que tem que trabalhar para ganhar a vida, é aquele que não tem nada que lhe sobre. É o homem que não é rico, mas que também não padece necessidades. Ele não possui o supérfluo, mas tem o básico. Ptokós = descreve a pobreza absoluta e total daquele que está afundado na miséria. É o mendigo, o extremamente necessitado. Aquele que não tem nada. Esta é a palavra que Jesus usou. Feliz é o homem que reconhece sua total carência e coloca a sua confiança em Deus. Feliz é o homem que reconhece que o dinheiro, o poder e a força não significam nada, mas Deus significa tudo. O poeta expressou bem o pobre de espírito:

Nada em minhas mãos eu trago,

Simplesmente à tua cruz me apego;

Nu, espero que me vistas

Desamparado, aguardo a tua graça;

Mau, à tua fonte corro,

Salva-me, Salvador, ou morro.

Ser pobre de espírito é agir como o publicano: “Senhor, compadece-te de mim, um pecado”. João Calvino disse: “Só aquele que, em si mesmo, foi reduzido a nada, e repousa na misericórdia de Deus, é pobre de espírito.” Moisés: “Senhor, quem sou eu, eu não sei falar”. Isaías clamou: “Ai de mim, estou perdido…”. Pedro gritou: “Senhor, afasta-te de mim, porque sou pecador”. Paulo clamou: “Miserável homem que eu sou.”. Ser pobre de espírito é expor suas feridas ao óleo do divino Médico. Se uma pessoa não é pobre de espírito, ela não acha sabor no pão do céu, não sente sede da água da vida; ela vai pisar nas riquezas da graça, ela não vai jamais desejar a redenção nem ter prazer na santificação.

c) Ser pobre de espírito é a nossa verdadeira riqueza – A riqueza de Cristo só pode ser apropriada pelos pobres de espírito. Há aqueles que pensam que se pudessem encher suas contas bancárias com ouro seriam ricos. Mas aqueles que são pobres de espírito, esses é que de fato são ricos. Quão pobres são aqueles que pensam que são ricos: Jesus disse para a rica igreja de Laodicéia: Você é pobre e miserável. Mas Jesus disse para a pobre igreja de Esmirna: “Conheço a tua pobreza, mas és rica”.

3. Porque devemos ser pobres de espírito

Ser pobre de espírito é a jóia que o cristão deve usar. Primeiro o homem se torna pobre de espírito, depois Deus o enche com sua graça.

a) Enquanto você não for pobre de espírito, jamais Cristo será precioso para você – Enquanto não enxergarmos nossa própria miséria, jamais veremos a riqueza que temos em Cristo. Enquanto você não perceber que está perdido, jamais buscará refúgio em Cristo. Enquanto não enxergar a feiúra do seu pecado, jamais desejará o perdão e a graça de Cristo.

b) Enquanto você não for pobre de espírito, você não estará pronto para receber a graça de Deus – Aqueles que abrigam sentimentos de auto-suficiência e se sentem saciados, jamais terão sede de Deus. Aqueles que se sentem cheios de si mesmos, jamais poderão ser cheios de Deus. Aqueles que pensam que estão são, jamais buscarão o Médico. Aqueles que pensam que têm méritos, jamais desejarão ser cobertos pela justiça de Cristo.

c) Enquanto você não for pobre de espírito, você não pode ir para o céu – O Reino de Deus pertence aos pobres de espírito. A porta do céu é estreita e aqueles que se consideram grandes aos seus olhos não podem entrar lá.

4. Como podemos saber que somos pobres de espírito

a) Quando toda a base da nossa aceitação por Deus está nos méritos de Cristo – Uma pessoa pobre de espírito não tem nada a exigir, a merecer, a reclamar. Ela se vê desamparada até refugiar-se em Cristo. Ela não tem descanso para a alma até estar firmada na rocha que é Cristo. Ela não busca nenhuma outro tesouro ou experiência além de Cristo. Ela está plenamente satisfeita com Cristo.

b) Quando o nosso coração está desprovido de toda vaidade – Jó mesmo sendo um homem piedoso, que se desviava do mal, que suportou provas tremendas sem negociar sua fidelidade a Deus, disse: “Por isso, me abomino e me arrependo no pó e na cinza” (Jó 42:6). Quanto mais graça ele tem, mais humilde ele se torna, porque mais devedor.

c) Quando o nosso coração anseia e clama mais por Deus em oração – Um homem pobre está sempre pedindo como Moisés. Ele sempre quer mais de Deus. Ele sempre está batendo no portal da graça. Ele sempre está derramando suas lágrimas no altar.

5. Motivos para sermos pobres de espírito

a) Ser pobre de espírito é nossa riqueza – Você pode possuir as riquezas do mundo e ser pobre. Mas você não pode ter essa pobreza de espírito sem ser rico. O pobre de espírito é aquele que se prepara para receber toda a riqueza de Cristo.

b) Ser pobre de espírito é nossa nobreza – Se você é pobre de espírito, Deus olha para você como uma pessoa de honra. Aquele que é pobre aos seus próprios olhos, é precioso aos olhos de Deus. Quanto mais você se humilha, mais Deus o exalta.

c) Ser pobre de espírito aquieta nossa alma – Então, pode dizer como o salmista: “Eu sou pobre e necessitado, mas Deus cuida de mim.”

III. A VERDADEIRA FELICIDADE É UMA RECOMPENSA PARA O PRESENTE E PARA O FUTURO

1. A posse do Reino de Deus é algo presente e não apenas futuro

Jesus disse: “Bem aventurados os pobres de espírito, porque dos tais é o Reino dos céus”. Ele não disse, “porque dos tais será o Reino dos céus”.

A felicidade cristã não é para ser desfrutada apenas no céu, mas agora, a caminho do céu. O povo de Deus deve ser o povo mais feliz da terra. “Feliz és tu, ó Israel! Quem é como tu? Povo salvo pelo Senhor, escudo que te socorre, espada que te dá alteza” (Dt 33:29).

A pobreza de espírito está conectada com a posse de um Reino mais glorioso do que todos os tronos da terra. Pobreza é o oposto de riqueza e ainda quão ricos são aqueles que possuem o Reino. A pobreza de espírito é o pórtico do templo de todas as demais bênçãos.

A palavra Makários descreve uma alegria e uma felicidade permanente, que não sofre variações. É uma alegria que não pode ser destruída pelas circunstâncias da vida. Jesus disse: “A vossa alegria ninguém poderá tirar” (Jo 16:22). É a felicidade que existe na dor, na perda, na doença, no luto. É o gozo que brilha através das lágrimas e que nada, nem a vida nem a morte, pode tirar.

Entramos no Reino e o reino entrou em nós (Lc 17:21). Estamos no mundo, mas não somos do mundo. Nascemos de cima, do alto, do Espírito. Estamos em Vitória, mas estamos em Cristo. Estamos em Vitória, mas estamos assentados nas regiões celestiais em Cristo. Estamos passando por lutas, mas já estamos abençoados com toda sorte de bênção em Cristo.

2. A nossa felicidade será completa quando tomarmos posse definitiva do Reino no futuro

a) Os salvos não apenas vão entrar na posse do Reino, mas vão reinar com o Rei da glória – Estaremos não apenas no céu, mas também nos tronos. Teremos uma coroa, teremos vestes reais, receberemos um trono (Ap 3:21).

b) O reino dos céus excede ao esplendor dos maiores reinos do mundo – 1) Porque o fundador desse Reino é o próprio Deus. 2)Porque esse Reino será mais rico do que todos as riquezas de todos os reinos. Tudo que é do Pai é nosso. Somos os herdeiros de todas as coisas. 3) Porque o Reino dos céus excede aos demais em perfeição. As glórias de Salomão serão nada. As glórias dos palácios dos skaikes dos Emirados Árabes serão palhoças. 4) Porque o Reino dos céus excede em segurança – Nada contaminado vai entrar lá, nenhuma maldição. 5) Porque o Reino dos céus excede em estabilidade – Os reinos do mundo caíram e cairão, mas o Reino de Deus permanecerá para sempre. O crente mais pobre é mais rico do que os reis mais opulentos da terra.

CONCLUSÃO

Temos nós andado de modo digno desse Reino? Temos vivido de modo compatível com aqueles que vão assentar em tronos? Temos resplandecido a glória de Deus em nós?

Seu coração está vazio de vaidade? Está sedento pelas coisas do céu? Você já abriu mão de tudo para se derramar aos pés de Cristo?

No tempo de Cristo quem entrou no Reino não foram os fariseus que se consideravam ricos em méritos, nem os zelotes que sonhavam com o estabelecimento do Reino com sangue e espada; mas os publicanos e as prostitutas, o refugo da sociedade humana que sabiam que eram tão pobres que nada tinham para oferecer, nem receber. Tudo o que podiam fazer era clamar pela misericórdia de Deus.

Não tenha medo

Referência: Mateus 1.18-25

INTRODUÇÃO

1. A Mensagem do Nascimento de Cristo trouxe medo para Zacarias, Maria, José e os pastores:

a) Não temas Zacarias (Lc 1:13).

b) Não temas Maria (Lc 1:30)

c) Não temas José (Mt 1:18-20)

d) Não temas pastores (Lc 2:10).

2. O inesperado provoca medo em nosso coração

a) Tudo estava indo bem com José

Ele estava noivo com a jovem dos seus sonhos

Eles estavam fazendo planos para o futuro.

b) Então José descobre que Maria está grávida

c) Rapidamente o mundo de José entra em colapso. Ele começou a ter medo do futuro.

3. Vejamos algumas lições práticas deste texto:

I. NÃO DEVEMOS TER MEDO QUANDO AS COISAS PARECEM INEXPLICÁVEIS – V. 18

1. José ficou com medo porque concluiu que Maria tinha sido infiel

a) Nós geralmente chegamos a conclusões equivocadas sobre realmente o que está acontecendo com as pessoas à nossa volta. Ficamos com medo. Ficamos chocados e até mesmo decepcionados quando tiramos conclusões apressadas.

b) Foi por isso que Jesus nos alertou sobre o perigo de julgarmos os outros. “Não julgueis para que não sejais julgados. Por que com a medida com que julgardes, sereis também julgados” (Mt 7:1).

2. Enquanto José está se preocupando, cheio de medo, Deus estava trabalhando um plano maravilhoso para a sua vida

Às vezes ficamos deprimidos, porque deixamos de descansar na soberania de Deus. Ele está no controle de tudo. Achamos que o nosso caminho se fechou. Achamos que o nosso futuro acabou. Achamos que a vida perdeu o sentido; e nem, sabemos que Deus está trabalho algo novo, glorioso para nos abençoar e nos surpreender.

3. José estava com medo de Maria ter sido infiel ou imoral, mas nela estava se cumprindo a profecia bíblica de que uma virgem daria à luz ao Messias (Is 7:14)

Os temores de José só viam pela frente uma tragédia, mas Deus estava apontando o cumprimento de uma profecia messiânica. Ele via um futuro trágico, Deus um caminho cheio de luz. Ele temia porque não olhava para as circunstâncias na perspectiva de Deus.

4. José estava com medo, porque não compreendia todos os fatos

O que José pensou que era pecaminoso, era sagrado. Maria não era uma noiva infiel, mas uma serva fiel e obediente ao Deus vivo. Seu ventre hospedava não o fruto do pecado, mas a obra do Espírito Santo. Ele carregava no ventre não um filho ilegítimo, mas o Filho de Deus. Ele trazia no seu ventre não o fracasso de um sonho, mas o Salvador do mundo.

5. Nós devemos ter mais cautela ao sermos precipitados acerca do fracasso dos outros

Muitas vezes julgamos os outros de forma precipitada. Fazemos juízo temerário e sofremos por ele, sem conhecermos profundamente o que de fato está acontecendo. Só Deus conhece. Só Deus pode julgar. Devemos ser mais cautelosos ao julgarmos e condenarmos as pessoas apenas pelas aparências.

II. NÃO DEVEMOS TER MEDO ACERCA DA PREOCUPAÇÃO COM A OPINIÃO PÚBLICA – V. 19

1. José nos ensina que devemos proteger as pessoas, em vez de expô-las ao opróbrio público

José tinha dois caminhos para lidar com Maria: 1) Divorciar-se dela publicamente, fazendo sua defesa – Para proteger-se teria que expô-la. Para salvar sua honra, teria que comprometer a honra de Maria. Mas a Bíblia diz que José era homem justo e não queria infamá-la. Quem ama cobre multidão de pecados. Quem não expõe o outro ao opróbrio. 2) Ele resolveu então, deixá-la secretamente – Dispôs a sofrer o dano. Ele não queria que Maria tivesse sua reputação destruída por um suposto pecado. Ele temeu o que outros poderiam fazer com Maria, ao tomarem conhecimento dos fatos que ele suspeitava.

2. José temeu, porém, porque permitiu que a opinião dos outros determinassem seu futuro

a) A nossa responsabilidade é fazer o que Deus determina que façamos – Quando tememos o que os outros vão pensar de nós, deixamos de fazer o que Deus nos manda fazer. Quando tememos o que os outros vão pensar ou falar nos afastamos das pessoas que mais amamos por causa das nossas suspeitas infundadas.

b) O temor da opinião pública pode nos manter distantes do melhor de Deus para a nossa vida – José estava a ponto de abandonar Maria e viver sozinho, renunciando seu amor e sua amada. Se ele o fizesse, teria se privado do melhor de Deus para a sua vida.

c) O medo da opinião dos outros pode nos levar a fazer coisas que inconientes (Pv 29:25) – Quem teme os homens arma ciladas, mas quem teme a Deus, descansa.

3. Aqueles que estão no centro da vontade de Deus não necessitam temer a cerca da reação das pessoas

Você não deve agradar a homens, mas sim a Deus.

A voz da multidão, a opinião da massa nem sempre expressa a verdade, muito menos a vontade de Deus.

III. NÃO DEVEMOS TER MEDO QUANDO SOMOS ASSOLADOS PELA ANGÚSTIA MENTAL – V. 20

1. José ficou com medo porque sua mente não se desligou do problema, em vez de buscar o esclarecimento dos fatos

Ele deve ter pensado no problema continuamente. Logo depois da visita do anjo Gabriel Maria viajou para Judéia e lá ficou seis meses na casa da prima Isabel. O texto nos dá a entender que Maria guardou em silêncio o que aconteceu. José deve ter ficado em profunda angústia com a viagem misteriosa da sua noiva. Por que viajar agora? Por que tanto tempo? Por que o silêncio? Por que apareceu grávida? O que vão pensar as pessoas? Como ficará sua reputação? O que vão pensar de Maria? Sua mente é um turbilhão. Ele não consegue dormir. Está em crise.

Nossos problemas, às vezes, nos tiram o sono, o apetite. Não conseguimos desligar nossa mente. Não conseguimos descansar. Não conseguimos racionar direito. Ficamos aturdidos. Confusos.

2. José ficou com medo, ainda que sua ansiedade era realmente infundada

a) O que ele pensou que poderia trazer a morte, trouxe a libertação da morte – Maria não seria apedrejada, não sua reputação seria destruída, nem seu casamento com Maria acabado. A gravidez de Maria traria o sol da Justiça, a salvação de Deus. O Filho de Maria chamar-se-ia JESUS e IMANUEL. O salvador do pecado e o Deus conosco. Ele veio para trazer salvação. Ele veio para estar conosco.

JESUS: 1) A principal missão de Jesus é salvar

2) O grande mal do qual Jesus nos salva é o pecado

3) Esta salvação é para o povo de Jesus

> EMANUEL: 1) Ele veio para estar conosco: Eden, Santuário, Templo, Encarnação, ES, Templo celestial.

b) O que ele pensou que poderia ser a ruína do nome de Maria, imortalizou o nome dela – Maria tornou-se a mãe do Salvador. Ele teve o único, sublime privilégio de amamentar o criador do universo, de carregar nos braços aquele que sustenta os céus e a terra, de ensinar os primeiros passos àquele que é o caminho para Deus. José estava sofrendo por algo oposto à verdade dos fatos. Sua suposição era não só infundada, mas diametralmente equivocada.

c) O que ele pensou que poderia arruinar a reputação de Maria entre os homens, fez dela bendita entre as mulheres – Maria em vez de ter seu nome manchado, sua reputação maculada, seu caráter desonrado, tornou-se através dessa gravidez a bendita entre as mulheres.

3. Muitos de nossos temores são infundados; devemos substituir os nossos temores pela fé

O medo é o oposto da fé, onde ele chega a fé vai embora. Tememos porque desviamos os olhos de Deus, deixamos de olhar para vida na perspectiva de Deus, deixamos de confiar que Deus está no controle de tudo.

CONCLUSÃO

1. Sobre que assunto da sua vida, Deus precisa lhe dizer: “Não tenha medo” hoje?

2. Deus é poderoso para encontrar você também em seus medos como ele encontrou José e transformar suas angústias em motivo de celebração.

3. Lance sobre o Senhor todas as suas ansiedades. Ele tem cuidado de você. A mensagem do Natal remove de nós o medo e enche o nosso peito de fé e a nossa boca de júbilo.

Deus não desiste de amar você

Referência: Marcos 16.7

INTRODUÇÃO

Deus não abre mão da sua vida. Deus não desiste do direito que tem de ter você. Ele não abdica do seu amor por você. Ele sempre vai ao seu encontro, no seu encalço.

Pedro, melhor do que ninguém nos revela esta verdade. Quem era Pedro? 1) Filho de Jonas (Mc 16.17); 2) Casado (1 Co 9.5); 3) Natural de Betsaida; 4) Residia em Cafarnaum, às margens do Mar da Galiléia; 5) Pescador; 6) Irmão de André; 7) Um dos discípulos que mais tinha intimidade com Jesus; 8) Assumiu a liderança do grupo apostólico antes e depois do Pentescotes; 9) Recebeu poder para realizar grandes milagres (At 5.15); 10) Primeiro apóstolo a pregar aos gentios.

Pedro era um homem de profundas contradições e de grandes ambigüidades na vida:

1) Lucas 5 – Incredulidade e quebrantamento; consciência de pecado e indignidade. Ali Jesus o chama. Deixa tudo: empresa, negócios e segue a Jesus.

2) Mateus 16 – Proclama a messianidade de Cristo e se deixa usar por Satanás em seguida.

3) Mateus 17 – Por falar sem pensar, não deu a Jesus a primazia que ele merece. Ele vê a glória do Rei, mas não exalta o Rei da glória.

4) Mateus 26 – Coragem e covardia.

5) Mateus 26 – Negação e lágrimas de arrependimento.

6) João 21 – Fuga e declaração de amor.

I. AS CAUSAS DA QUEDA DE PEDRO

1. Exagerada confiança em si mesmo

a) Mateus 26.35 – “Disse-lhe Pedro: Ainda que me seja necessário morrer contigo, de nenhum modo te negarei”.

b) Marcos 14.31 – “Mas ele insistia com mais veemência: Ainda que me seja necessário morrer contigo, de nenhum modo te negarei”.

c) Lucas 22.23 – “Senhor, estou pronto a ir contigo, tanto para a prisão, como para a morte”.

Pedro se achava forte. Ele achava que era uma rocha, mas era pó. Ele negou seu nome, seu apostolado, suas convicções, porque confiou exageradamente em si mesmo em vez de ser humilde.

2. Considerou-se melhor do que os outros

a) Marcos 14.29 – “Disse-lhe Pedro: Ainda que todos se escandalizem, eu jamais!”

b) Mateus 26.33 – “…ainda que venhas a ser tropeço para todos, nunca o serás para mim”.

Pedro estava dizendo: Olha Jesus, os teus discípulos não são tão confiáveis, mas eu sou um homem batuta. A corda não rói do meu lado. Eu não vou te decepcionar. Eu aguento a parada. Eu não sou homem de fraquejar. Pode contar comigo para o que der e vier, quando os outros se acovardarem. A Bíblia diz que a soberba precede a ruína.

3. Foi incapaz de orar e vigiar na hora crucial da vida

a) Mateus 26.40,41 – “E, voltando para os discípulos, achou-os dormindo; e disse a Pedro: Então, nem uma hora pudestes vós vigiar comigo? Vigiai e orai, para que não entreis em tentação; o espírito na verdade, está pronto, mas a carne é fraca”.

Quando deixamos de vigiar e orar, caímos em ciladas, em tentação e fraquejamos. Quando a igreja deixa de orar, ela se torna fraca e vulnerável.

Alguém já disse que quando o homem trabalha, o homem trabalha, mas quando o homem ora, Deus trabalha.

Aquela era a maior batalha do universo, o destino da humanidade estava sendo decidida, e Pedro estava dormindo (Mt 26.40,43,45). Foi a única vez que Jesus pediu solidariedade e os discípulos fracassaram.

4. Perdeu o controle emocional

a) João 18.10 – “Então Simão Pedro puxou da espada que trazia e feriu o servo do sumo sacerdote, cortando-lhe a orelha direita; e o nome do servo era Malco”.

Pedro perdeu o controle emocional, o equilíbrio e não discerniu a natureza da batalha que estava travando. Não teve domínio próprio. Jesus mostra para Pedro que seu caminho era a cruz (Jo 18.11). Nada de humanismo! Muitas vezes, damos lugar à ira. Agredimos as pessoas com palavras, com gestos, atitudes e fracassamos no testemunho.

5. Seguiu a Jesus de longe

a) Mateus 26.58 – “Mas Pedro o seguia de longe…”.

Pedro vai fraquejando, vai perdendo seus absolutos. Pedro vai se tornando vulnerável, vai se acovardando. O mesmo Pedro autoconfiante, já não cumpre suas palavras. Ele foge na hora que Jesus é preso. Ele não desiste de Jesus, mas o segue de longe. Ele se acovarda e se enche de medo.

Muitos ainda hoje seguem a Jesus de longe. Não querem perder Jesus de vista, vêm à igreja, leem a Bíblia, mas não assumem compromisso com Jesus. Não querem os riscos do discipulado. Outros não chegam a perder suas convicções, mas abandonam a igreja, ficam perto do Egito; ficam na janela.

6. Assentou na roda dos escarnecedores

a) Lucas 22.54,55 – “Então, prendendo-o, o levaram e o introduziram na casa do sumo sacerdote. Pedro seguia de longe. E quando acenderam fogo no meio do pátio, e juntos se assentaram, Pedro tomou lugar entre eles”.

Pedro dá mais um passo na direção da sua queda. Ele vai se assentar na roda dos inimigos de Jesus. Ele vai se associar com aqueles que zombam de Jesus (Sl 1.1).

Muitos estão caindo ainda hoje porque se unem com companhias erradas. Muitos estão deixando a igreja e indo para o mundo porque se associaram com pessoas que não querem saber nada de Jesus.

7. Negou a Jesus três vezes

a) Mateus 26.70,72,74 – “Pedro negou. Negou outra vez com juramento. Negou a terceira vez praguejando e jurando: Não conheço esse homem”.

Ninguém nega Jesus de uma hora para outra. Tem um histórico, um abismo chama outro abismo. Pedro não se lembrou das palavras de Jesus, fez pouco caso delas (Mt 26.75).

Pedro caiu, fraquejou e negou: 1) Seu nome; 2) Sua fé; 3) Seu apostolado; 4) Suas convicções; 5) Suas promessas a Jesus.

II. AS CAUSAS DA RESTAURAÇÃO DE PEDRO

1. O olhar compassivo de Jesus

a) Lucas 22.60-62 – “Mas Pedro insistia: Homem, não compreendo o que dizes. E logo, estando ele ainda a falar, cantou o galo. Então, voltando-se o

Senhor, fixou os olhos em Pedro, e Pedro se lembrou da palavra do Senhor, como lhe dissera: Hoje, três vezes me negarás, antes de cantar o galo. Então, Pedro, saindo dali, chorou amargamente”.

O olhar de Jesus é de ternura e amor. É um olhar que penetra na alma para trazer Pedro ao arrependimento. Jesus não esmaga a cana quebrada nem apaga a torcida que fumega.

Olhar de Jesus nos restaura.

Uma luz brilhou em meu caminho

Quando eu ia triste e sozinho

Foi seu divino olhar, que me ensinou a amar

Foi um minuto só do seu olhar.

Foi um minuto só, um minuto só

Foi um minuto só, do seu olhar

Tudo em mim mudou, tudo em mim cantou

Foi um minuto só do seu olhar.

Jesus mudou a minha vida

Nunca mais eu serei o mesmo

Quando eu olhei pra cruz, nela eu vi Jesus

Foi um minuto só do seu olhar.

Jesus está olhando para você hoje. Ele está vendo suas palavras, sua vida, seu testemunho, os lugares onde você está indo, o que você está fazendo. Mas hoje mesmo Jesus pode ser restaurado pelo divino olhar do Senhor Jesus:

Vivi tão longe do Senhor, assim eu quis andar

Até que eu encontrei a luz no seu divino olhar

Seu maravilhoso olhar, seu maravilhoso olhar

Transformou o meu ser, todo o meu viver

Seu maravilhoso olhar!

2. As lágrimas de arrependimento

a) Marcos 14.72 – “Pedro se lembrou da palavra que Jesus lhe dissera…e caindo em si, desatou a chorar”.

b) Mateus 26.75 – “…e saindo dali, chorou amargamente”.

Pedro considerou que havia negado ao seu Senhor. Naquela noite fatídica, Pedro saiu da casa do sumo sacerdote chutando as pedras por entre os olivais. Ele foi para casa com sua consciência em brasa, arrebentado, quebrado e sem parar de soluçar. Passou a noite sem dormir. Alagou seu leito. Virava de um lado para o outro sem poder conciliar o sono.

Pedro refletiu sobre a excelência do seu Senhor, a quem negara.

Pedro se lembrou do tratamento especial que havia recebido como um dos primeiros com Tiago e João.

Pedro recordou que havia sido solenemente advertido pelo Senhor.

Pedro se recordou dos seus próprios votos de fidelidade (Mc 14.29).

Pensemos em nós: 1) O nosso pequeno progresso na vida espiritual; 2) A nossa negligência com as almas dos outros; 3) A nossa pouca comunhão com o Senhor; 4) A pequena glória que estamos trazendo ao grande nome do Senhor. Tudo isso deveria nos levar às lágrimas de arrependimento.

Pedro chorou amargamente (água podre).

Pedro diferente de Judas, não engoliu o veneno.

3. A procura de Jesus

a) Marcos 16.7 – “Ide, dizei aos meus discípulos e a Pedro”.

Jesus não desiste de Pedro. Pedro desistiu de ser apóstolo. Mas Jesus não desistiu de Pedro.

Pedro disse para os seus colegas: “Eu vou pescar” (Jo 20.3). Eu vou voltar para minha velha vida. Ele exerceu uma liderança negativa. Mas, Jesus não abriu de Pedro. Ele também não desiste de amar você.

4. A pergunta de Jesus

a) João 21.15-17

Em primeiro lugar, Jesus curou Pedro do seu orgulho. Ele perguntou três vezes, pois três vezes Pedro o negou. Da última vez mudou a pergunta.

Em segundo lugar, Jesus curou a memória de Pedro. Montando o mesmo cenário da queda.

A única exigência que Jesus faz a Pedro para ser discípulo e para pastorear o seu rebanho é amá-lo.

5. A restauração de Jesus

a) João 21.17b – “… apascenta as minhas ovelhas”.

Jesus restaurou a mente de Pedro.

Jesus restaurou a memória de Pedro.

Jesus restaurou os sentimentos de Pedro.

Jesus restaurou a vida de Pedro.

Jesus restaurou o ministério de Pedro.

Agora, Pedro volta a ser um grande líder. Agora ele ora. Agora ele aguarda o Pentecostes. Agora ele é cheio do Espírito Santo. Agora ele se torna o grande pregador da igreja apostólica.

Você pode ser restaurado, pois Jesus jamais desistiu de você!